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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 79, p. 263 - 308, Maio/Agosto 2017

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• Fazer uso do emblema de acordo com as Convenções de

Genebra;

• Possuir uma organização que lhe permita satisfazer suas

tarefas precípuas;

• Estender sua ação a todo o território do Estado;

• Recrutar membros sem discriminação de raça, sexo, social,

religiosa e política;

• Aderir ao estatuto da Cruz Vermelha e participar solidaria-

mente do Movimento Internacional;

• Respeitar os princípios do Movimento e do direito huma-

nitário.

Tal controle foi atribuído ao CICV, primeiro, implicitamente, e de-

pois, pelos próprios estatutos da Cruz Vermelha. Note-se que o controle

quanto à observância dessas condições não apresenta o caráter de uma fis-

calização rigorosa, a ponto de excluir a Sociedade Nacional pela mínima

infringência, como se fosse a hipótese, por ex. de um contrato de franquia. A

ideia é agregar as Sociedades Nacionais ao movimento e não excluí-las, pois

o principal propósito é levar adiante o movimento, priorizando as vítimas e

não aspectos formais da Sociedade Nacional envolvida. Mais vale a existên-

cia de uma sociedade defeituosa do que sua inexistência

16

.

Ressalte-se que o grosso do trabalho da Cruz Vermelha, como a as-

sistência aos feridos de guerra e às vítimas de catástrofes naturais, é levado

a cabo pelas Sociedades Nacionais, seguindo a aspiração original de Hen-

ry Dunant (obviamente, sem prejuízo do trabalho assistencial do próprio

CICV!). Cite-se também o auxílio material aos refugiados, como aquele pres-

tado em 1956 aos egressos do conflito na Hungria. Na ocasião, a Cruz Ver-

melha austríaca e húngara, em coordenação com o Alto Comissariado das

Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), prestou assistência a 200 mil

refugiados, promovendo sua identificação e seu reassentamento, 18.200 dos

quais lograram ser repatriados

17

.

16 Transcreva-se aqui a pertinente indagação de Jean Pictet, em sua obra citada (pag. 91)

“Les principes de la Croix Rouge”

:

“Ne vaut-il pas mieux que, dans chaque pays, il y ait une Croix Rouge imparfaite plutôt que pas de Croix Rouge du tout?”

17 Dados obtidos da exposição da mestranda junto a essa UDL, Dra. Anne Paiva de Alencar.