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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 78, p. 318 - 334, Janeiro/Abril 2017

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Ademais, irrefragável que não haverá um exercício pleno da medicina

ou odontologia se o paciente, que é o foco do atendimento, não se apresenta

colaborativo em face da insegurança em revelar as informações necessárias

durante sua entrevista – anamnese e histórico clínico pregresso –, diante das

malsinadas imagens e histórias que se apresentam, dia após dia, nas redes

sociais e mídias eletrônicas.

A contrário senso, se o paciente se sente seguro em razão do renome da

instituição e por ser virtuoso e discreto o profissional que irá consultá-lo, não

haverá nenhum receio no que concerne às consultas e fases do tratamento.

Ao nos socorrermos do campo da filosofia, pode-se dizer que

do

ponto de vista filosófico, o respeito à confidencialidade está fundamen-

tado num direito natural de intimidade – o qual, por sua vez, deriva do

princípio fundamental de respeito pela pessoa em si mesma, porque esta

tem capacidade para escolher o que é melhor para si, sendo esta liberdade

de escolha essencial para assegurar a satisfação de suas necessidades. Tudo

que interfira com esta meta deve ser considerado como um desrespeito à

sua autonomia.

11

Ultrapassadas as questões normativas, legais, comportamentais, bio-

éticas e deontológicas, deve-se refletir a respeito do real motivo da quebra

de paradigmas das condutas pessoais dos profissionais que atuam na área

da saúde, principalmente no que diz respeito à quebra de sigilo de forma

imoral, ilegal e aética.

Como ponto de partida para explicar tal fenômeno, se faz necessário

o socorro de alguns dados estatísticos relevantes, de forma direta e indireta,

para o tema abordado no presente artigo.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –

IBGE, mais da metade dos domicílios brasileiros passou a ter acesso à internet

no ano de 2014, conforme aponta a Pesquisa Nacional Por Amostra de Domi-

cílios (Pnad), publicada no mês de abril do ano de 2016.

Os dados referentes ao ano de 2014 mostram que 36,8 milhões de

casas estavam conectadas, o que representa 54,9% do total, enquanto no

ano anterior o índice era de 48%. Foi indicado, ainda, pelo Instituto que a

quantidade de internautas chegou a 54,4% das pessoas com mais de 10 anos

em 2014, ou seja, são 95,4 milhões de brasileiros com acesso à internet.

dade. Iniciação à bioética.

Brasília: Conselho Federal de Medicina. 1998:264-84.


11 AZAMBUJA, Jussara de. Confidencialidade: natureza, características e limitações no contexto da relação clínica.

In

Bioética n.º 11 de 27-11-2003 12/1/03 9:23 AM Page 58. Ao citar: LochHottois G, Parizeau MH.

Les mots de la bioé-

thique:

un vocabulaire encyclopédique. Bruxelles: De Boeck Université; 1993.