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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 78, p. 318 - 334, Janeiro/Abril 2017

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3 – Confidencialidade X Redes Sociais

“Segredo e delicadeza, quando requeridos por circunstân-

cias peculiares, deverão ser estritamente observados. O re-

lacionamento familiar e confidencial, ao qual os médicos

são admitidos nas suas visitas profissionais, deve ser uti-

lizado com discrição e com o mais escrupuloso cuidado

quanto à fidelidade e à honra” (Thomas Percival)

É cediço para todos aqueles que exercem seu

munus

na área da saú-

de que a complacência, a virtude, a prudência e a discrição são qualidades

que devem ser consideradas norteadoras do caminho a ser seguido, ou seja,

devem correr no sangue do profissional, assim como sigilo deve fazer parte

de seu DNA.

As informações e as imagens do paciente devem ser, a todo custo,

preservadas e protegidas.

Retroagindo um pouco na história, foi na década de 1970 que teve iní-

cio o desenvolvimento dos primeiros sistemas de informação na área da saúde,

razão pela qual surgiu, de forma concomitante, a preocupação com a confi-

dencialidade das informações que seriam armazenadas e como protegê-las.

Questionamentos como: Quem alimentará o sistema com as informa-

ções? Qual o seu grau de confiabilidade? Quem poderá e quem não poderá

ter acesso às informações? Quem assegurará a exatidão dos dados? Quem irá

vigiar e resguardar as informações? Quem irá vigiar o responsável por vigiar

– o paradoxo do Grande Irmão –?

Com o surgimento de novas tecnologias para armazenamento de in-

formações, a defesa do sigilo médico parece tomar um terceiro caminho

inspirado pela promoção dos direitos da pessoa.

8

Dessa transformação nasce um desconforto em relação à confiden-

cialidade; desconforto que se pode sentir particularmente nos profissionais

da saúde. Como outros em torno dele, o doutor Mark Siegler se questiona.

Ele afirma especialmente que a confidencialidade médica – tal como foi tra-

dicionalmente compreendida pelos médicos e por seus doentes – não mais

existe.

9

8 DURANT, Guy.

Introdução Geral à Bioética, História, Conceitos e Instrumentos.

1.ª Edição, São Paulo: Edições

Loyola, 2003.

9 Idem