Background Image
Previous Page  236 / 338 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 236 / 338 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 78, p. 227-252, Janeiro/Abril 2017

236

cunho social. Contudo, Veronez (2005), ao analisar as políticas públicas do

Governo Federal entre os anos de 1996-1999, apontou que houve um fraco

desempenho na execução das ações, recorrentes de questões tais como: a falta

de estrutura e recursos humanos, contingenciamento e liberação tardia de

recursos financeiros para a celebração de convênios. O que não se viu nas

ações referentes ao desporto de alto rendimento. Como consequência, os ín-

dices de execução das ações do segundo ao último ano analisados, em algu-

mas ações implementadas, como a realização de competições nacionais e in-

ternacionais, atingiram mais de 300% das metas estabelecidas (VERONEZ,

2005). Assim, esse período representou o marco do rompimento tutelar do

esporte com o Estado; garantiu a autonomia das instituições esportivas, ou

sua “liberdade organizativa”; especialmente os times de futebol, e estabeleceu

uma nova configuração do desporto nacional (LINHALES, 1996).

Essa política pública de promoção do futebol comercial se explica

pelo neoliberalismo. Assim, o Governo cuidou apenas de regulamentar as

leis de que o mercado necessitava. Conforme explica Höfling (2001),

Para os neoliberais, as políticas (públicas) sociais – ações do

Estado na tentativa de regular os desequilíbrios gerados pelo

desenvolvimento da acumulação capitalista – são consideradas

um dos maiores entraves a este mesmo desenvolvimento e res-

ponsáveis, em grande medida, pela crise que atravessa a socie-

dade. A intervenção do Estado constituiria uma ameaça aos

interesses e liberdades individuais, inibindo a livre iniciativa, a

concorrência privada, e podendo bloquear os mecanismos que

o próprio mercado é capaz de gerar com vistas a restabelecer

o seu equilíbrio. Uma vez mais, o livre mercado é apontado

pelos neoliberais como o grande equalizador das relações entre

os indivíduos e das oportunidades na estrutura ocupacional da

sociedade (HÖFLING, 2001, p.37).

Contudo, é chegado o século XXI e logo depois o país muda o perfil

político do seu governo federal e as políticas públicas passam a receber nova

influência, agora temperada com o social. Nesse novo contexto histórico, o

novo governo cria o Ministério do Esporte-ME, sinalizando a importância

que o desporto passa a tomar. Com uma pequena estrutura administrativa

e o menor orçamento dentre todos os ministérios, o ME tem o desafio de

fomentar políticas públicas de desporto educacional, desenvolvidas de forma