

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 78, p. 227-252, Janeiro/Abril 2017
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O desporto paralímpico nasceu de iniciativas oriundas da Inglaterra e
Estados Unidos na década de 1940, que organizaram práticas e competições
voltadas à participação de veteranos da Segunda Guerra Mundial com lesões
medulares. Essa iniciativa se deu porque o esporte foi utilizado como parte do
processo de reabilitação desses soldados de guerra (ARAÚJO, 1997).
Sobre a migração do esporte na reabilitação de traumas para o jogo para-
límpico Gorgatti (2013) afirma que:
O esporte para pessoas com algum tipo de deficiência iniciou-se
como uma tentativa de colaborar no processo terapêutico delas e
logo cresceu e ganhou muitos adeptos. Atualmente mais do que
terapia o esporte para esta população caminha para o alto rendi-
mento, e o nível técnico dos atletas impressiona cada vez mais.
(GORGATTI, 2013, p. 532).
Assim, em 1948, no Hospital de Stoke Mandeville, Inglaterra, o mé-
dico Ludwig Guttmann organizou o I Jogos de Stoke Mandeville, em mo-
dalidade paralímpica. Esse evento ganhou relevância internacional na sua
segunda edição, em 1952. Com o crescimento de sua abrangência, em 1960,
foram organizados os Primeiros Jogos Paraolímpicos, em Roma, Itália, cida-
de sede dos Jogos Olímpicos daquele ano (ARAÚJO, 1997).
Os Jogos de Stoke Mandeville, em 1948, contaram com a participação
de 16 atletas; a primeira edição dos Jogos Paraolímpicos, em 1960, contaram
com a participação de 400 (ARAÚJO, 1997); e os Jogos Paralímpicos de
Verão Rio 2016 contaram com a participação de mais de 4 mil atletas (COI,
2016). Nesse quadro, verifica-se que, em sete décadas de existência, os jogos
paralímpicos tomaram uma dimensão cada vez maior, traduzindo-se num
valor social com a mesma expressão.
Com o tempo, a realização de jogos paralímpicos toma caráter de
política pública, com aspectos de inclusão social. Contudo, a construção de
uma sociedade inclusiva, nesse contexto já quase secular, não é tarefa fácil.
De igual modo e dificuldade é a tarefa de um Estado ao implantar uma
política pública que visa a garantir acesso universal e duradouro a direitos
fundamentais aos seus cidadãos.
Nesse sentido, é importante conhecer dois pontos que se fazem fun-
damentais para compreender possíveis lacunas sobre os jogos paralímpicos.
Na visão de Marques (2016), são eles: Um diz respeito ao sentido empregado
na prática desportiva. O desporto, por si só, não é inclusivo. Depende da