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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 77, p. 211 - 233, Janeiro 2017

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é corroborado pelo Dossiê Mulher (2016:26) em que, em quase me-

tade dos casos, o acusado de agressão era o companheiro da vítima

(47,3%). Esta proporção aumenta nos casos de violência doméstica

e as agressões por companheiros, maridos e ex-namorados tornam-

-se ainda mais relevantes. No entanto, comparando os três estudos,

os maiores agressores de mulheres são seus companheiros ou ex-

-companheiros.

Ressalte-se que, por meio da análise do depoimento das víti-

mas, verificamos que, após a agressão, algumas vítimas rompem com

o agressor e se declaram solteiras, referindo-se ao agressor como “ex-

-companheiro”, “ex-marido” ou “ex-namorado”. Há, portanto, uma

imprecisão quanto à natureza da relação entre vítima e agressor no

ato da violência.

No tocante à quantidade de vezes que a violência ocorreu,

verificamos que a grande maioria das vítimas somente procurou uma

medida judicial após a ocorrência de inúmeras agressões (47%) –

23% após a primeira agressão e 11% após a segunda agressão, con-

forme gráfico abaixo.

A partir destes dados, podemos inferir que, na maior parte dos

casos, a mulher foi agredida mais de duas vezes antes de procurar

as autoridades estatais. Dentre algumas vítimas, houve o relato de

mais de vinte agressões. Neste sentido, a pesquisa confirma, ainda

que indiretamente, um grau de desconfiança no Poder Judiciário já

apontado por algumas pesquisas (INSTITUTO AVON, 2013; BODE-

LÓN, 2012). Outros artigos e pesquisas apontam as dificuldades no

acesso à justiça por parte das mulheres tanto no Brasil como interna-