

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 75, p. 56 - 85, jul. - set. 2016
64
formação do capital da empresa e não a quem é, na realidade, o único
proprietário do negócio e que apenas cumpriu formalmente com os re-
quisitos constitutivos da sociedade.
Desse julgamento destacam-se as atuações dos juízes Lopes e Lind-
ley: o primeiro argumentou que “
nunca se trato de que para que se cons-
tituyese una sociedad bastasse una persona sustancial y varios testaferros
(dummies) de dicha persona, sin ningún interés real en la sociedad. La ley
contemplaba la fundación por siete miembros independientes y de buena
fe con capacidad y voluntad por sí mismos, que no fueron unas meras ma-
rionetas de un individuo que, adoptando la maquinaria de la ley, llevase
a cabo un negocio de la misma forma que antes, cuando era comerciante
individual”;
e o segundo referiu: “
no iré tan lejos como para decir que los
acreedores de la sociedad puedan demandarle (a Salomon). En mi opi-
nión, éste sólo puede verse involucrado a través de la sociedad. Además
la responsabilidad de Mr. Aaron Salomon de indemnizar a la sociedad en
este caso es, desde mi punto de vista, la consecuencia legal de la forma-
ción de la sociedad para conseguir un resultado no permitido por la ley. La
responsabilidad no surge simplesmente del hecho de que detentase casi
todas las acciones de la compañía (...) su responsabilidad descansa en el
propósito para el que él constituyó la sociedad, la forma en que la consti-
tuyó y el uso que hizo de ella.
Assim, embora o tribunal tivesse que reconhecer a constituição da
companhia, condenou Aaron Salomon a contribuir para com o ativo da
sociedade, de forma que os credores sociais pudessem ter satisfeitos os
seus créditos. Então, o liquidante arrecadou bens pessoais do fundador
da sociedade, Aaron Salomon. Mas, além de ser posterior ao
leading case
da teoria da desconsideração da pessoa jurídica, essa decisão não se man-
teve, sendo reformada pela
House of Lords,
que entendeu ser a Compa-
nhia validamente constituída e que Salomon era seu credor privilegiado
por ter-lhe vendido o estabelecimento e recebido, por isso, obrigações
garantidas por hipoteca. Esse tribunal considerou o propósito de Aaron
Salomon ao criar a sociedade ou a forma como esta foi constituída (ra-
zões propostas pelo Tribunal de Apelação), mas não a possibilidade de a
sociedade ser tratada como um
agente
de seu sócio majoritário (tese do
julgador de primeiro grau).
Na decisão, Lord Halsbury argumentou: “
confieso que me parece
que ese estudioso juez se ve envuelto en su argumento en una contradic-