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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 75, p. 285 - 304, jul. - set. 2016

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O Silêncio sobre o Processo de

Feminização da Magistratura:

Relatos de Algumas Experiências

e Perspectivas das Juízas

Pioneiras no Brasil

Veridiana Parahyba Campos

Doutora em Sociologia PPGS-UFPE e Fundação Carlos

Chagas.

RESUMO:

Minha proposta neste artigo é remontar o contexto inicial do

processo de feminização da magistratura através das experiências biográ-

ficas de quatro juízas pioneiras, com as quais entendo que há uma certa

“dívida histórica”. Assim, faremos aqui algo como “herstory”

1

. Apresen-

tando algumas situações pelas quais tais mulheres passaram, demons-

tramos o caráter fortemente patriarcal da magistratura, especialmente

algumas décadas atrás. Entretanto, como hoje em dia no Brasil temos

um contingente médio de aproximadamente 30% de juízas na primeira

instância e 5% na segunda instância, entendemos que tal característica

continua presente, haja vista essa desigualdade de gênero nos quadros da

instituição, especialmente nas instâncias superiores. Dadas as experiên-

cias das pioneiras e os números da atualidade, o presente artigo procura

dar voz a mulheres que foram invisibilizadas na história da magistratura e

ressaltar a necessidade de se discutir nos meios acadêmicos da Sociolo-

gia, do Direito e dos Estudos de Gênero a desigualdade de gênero interna

que ainda permeia esse espaço de poder.

PALAVRAS-CHAVE:

Feminização da Magistratura – Pioneiras – Desigual-

dade de gênero

1 Terminologia feminista criada nos idos de 1960 e que trata de relevar a participação feminina na História. A brin-

cadeira linguística mexe com os pronomes da língua inglesa “his” e “her”;

history

ou

herstory

.