Background Image
Previous Page  193 / 308 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 193 / 308 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 75, p. 193 - 206, jul. - set. 2016

193

Justiça e Política:

Arenas de Desiguais

(Justice and Politics: Arena

of Unequals)

Marcelo Moraes Caetano

Professor Adjunto da UERJ, Membro efetivo da Aca-

demia Brasileira de Filologia (cadeira 38) e do Inter-

national PEN Club (Londres-Rio de Janeiro).

Alexandre Chini

Juiz de Direito, Membro do Fórum Permanente de

História do Direito da Escola da Magistratura do Es-

tado do Rio de Janeiro (EMERJ).

RESUMO:

As sociedades se erigem ao redor de valores, como os culturais

e os éticos, constantemente submetidos à apreciação de seus componen-

tes, expressa pelas práticas discursivas. Essa característica dialógica dos

tecidos sociais – que ocorre em meio a interesses distintos e muitas vezes

divergentes – confere-lhes dinamicidade, à qual está atrelado o conceito

de Política (cf. Platão e Aristóteles). Decorre dessa pluralidade a existência

de conflitos e controvérsias, riscos e incertezas (cf. Lafer), que necessitam,

por um prisma natural e/ou moral (cf. Hobbes e Grotius), da dialética pro-

funda (cf. Hegel), a um só tempo funcionalista e formalista, por cuja meto-

dologia científico-filosófica promana uma sentença capaz de contemplar

tanto os valores absolutos quanto os relativos, de acordo com a necessi-

dade e a etapa do que se está julgando. À Justiça, neste quadro complexo,

compete estabelecer a síntese dos fatos concretos, a partir de um assento

de onde pode vislumbrar o ideal (cf. Kant) imanente ao passado, presente

e futuro do povo a que presta serviço jussivo. Esse papel regulador dos

parâmetros sociais amiúde tensos implica uma das definições possíveis de