

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 72, p. 191 - 202, jan. - mar. 2016
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trou crescimento de 10 pontos percentuais – 48%, agora, contra 38%, em
2013. Em contrapartida, houve redução da violência moral – de 39%, em
2013, para 31%, agora”; (h) “O ciúme e o consumo de bebidas alcoólicas
são os principais desencadeadores das agressões – 21% e 19%, respecti-
vamente”; (i) “Apesar de ainda existir quem, por motivos pessoais, opte
por não fazer nada, a maior parte das pesquisadas procurou alguma for-
ma de auxílio: 20% buscaram apoio da família, 17% formalizaram denún-
cia em delegacia comum e 11% denunciaram em delegacia da mulher”.
Outros dados relevantes: (j) “As mais agredidas são as que têm
menor nível de instrução – 27% entre as que cursaram até o ensino fun-
damental; 18% até o ensino médio e 12% com curso superior”; (k) “No
universo das que sofreram violência, 26% continuam convivendo com o
agressor; 23% sofrem hostilidades semanais e 67% são vítimas de violên-
cias raramente”.
O balanço semestral (1º semestre de 2015) da Central de Aten-
dimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mu-
lheres da Presidência da República, por seu turno, revelou o seguin-
te: “de todos os relatos (mais de 2 milhões), 8,84% foram de violência
contra a mulher. Do total de 32.248 relatos de violência contra a mu-
lher, 16.499 foram de violência física (51,16%); 9.971 de violência psico-
lógica (30,92%); 2.300 de violência moral (7,13%); 629 de violência pa-
trimonial (1,95%); 1.308 de violência sexual (4,06%); 1.365 de cárcere
privado (4,23%); e 176 de tráfico de pessoas (0,55%). Houve aumento de
145% nos registros de cárcere privado, com a média de oito registros/dia;
de 65,39% nos casos de estupro, com média de cinco relatos/dia; e de
69,23% nos de tráfico de pessoas, com média de 1 registro/dia”.
5. “O CORPO É MEU E FAÇO DELE O QUE QUERO”
O massacre machista contra as mulheres (com números estarrece-
dores no Brasil, desde logo: de 13 a 15 mulheres são assassinadas diaria-
mente) decorre de muitos fatores (culturais, políticos, sociais etc.). Um
deles, por incrível que pareça, diz respeito ao uso indevido de uma tese
libertária feminista (igualitarista), que diz: “O corpo é meu e dele faço o
que eu quero”.
Isso é afirmado pelas lutadoras mulheres (e homens) igualitaristas,
sobretudo, quando em pauta está o polêmico direito ao aborto. No en-