Background Image
Previous Page  195 / 224 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 195 / 224 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 72, p. 191 - 202, jan. - mar. 2016

195

Entre 1980 e 2013, cerca de 105 mil mulheres perderam suas vi-

das por meios violentos, segundo dados do Datasus. No período, o crime

contra as mulheres teve um crescimento de 4,1% ao ano em média e uma

evolução de 340% a mais no número de mortes no mesmo período.

Emmarço de 2015, o Código Penal foi alterado para incluir mais uma

modalidade de homicídio qualificado, o feminicídio, ou seja, quando crime

for praticado contra a mulher por razões “da condição de sexo feminino”

(leia-se: violência de gênero), tornando-o assim um crime hediondo.

Como costuma acontecer, a lei pode até produzir algum efeito pre-

ventivo logo após a sua edição, precisamente o período em que a máquina

de propaganda do Estado policialesco e autoritário aproveita para incutir

na mente da população a falácia de que a lei penal funciona no Brasil.

Comemora-se o “efeito dissuasório da lei” e, a partir daí, a criminalidade

volta com toda intensidade. Isso já se havia constatado com os homicídios

em geral e, agora, se repete com os homicídios contra as mulheres (femi-

cídio e feminicídio). A lei, por si só, é insuficiente para mudar a realidade.