Background Image
Previous Page  75 / 286 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 75 / 286 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 68, p. 60-79, mar. - mai. 2015

75

que não foram cicatrizadas. Esta diversidade de valores culturais, linguísti-

cos dos povos europeus ainda é fator que dificulta a União Europeia.

Bem, mas, o que nos importa, por ora, é o seguinte questiona-

mento: o elemento humano que compõe o novo Estado Islâmico possui

homogeneidade, fortes laços sanguíneos, culturais e religiosos? Possui o

chamado Estado Islâmico uma verdadeira nação?

Bem pelo que foi afirmado acima, o Estado Islâmico é composto de

jihadistas

sunitas que combatem ferozmente outros seguimentos islâmi-

cos e a população de partes territoriais conquistadas pela guerra. Desta

forma, quando se fala em Estado Islâmico, de pronto, já aflora esta in-

compatibilidade. Há identidade em relação aos sunitas, entretanto, não

há identidade em relação às pessoas que se encontram no território con-

quistado. Em primeiro lugar, porque são curdos, cristãos e adeptos de ou-

tras crenças que estão sendo convertidos à força da espada ao islamismo

ou executados em grande escala, ou mesmo expulsos para outras partes

territoriais. Em segundo lugar, mesmo que se todos fossem adeptos do is-

lamismo, haveriam divergências culturais e de crença islâmica que impos-

sibilitaria a caracterização de uma nação, tais as existentes entre sunitas

e xiitas e aqueles seguimentos alinhados. Ambos são mulçumanos, mas,

são inimigos seculares, desde o tempo de Ali, esposo de Fátima, filha de

Maomé. Em terceiro lugar, é oportuno registrar que, mesmo entre os mul-

çumanos sunitas, há divergências seculares. Os curdos convertidos, por

exemplo, são em sua maioria sunitas, mas possuem valores próprios que

os identificam como uma nação diversa daquela que se intitula nação islâ-

mica. Hoje sofrem -como os iraquianos xiitas e os sírios- com as invasões

do seu território -pelo menos território que acreditam lhe pertencer- pelo

Estado Islâmico.

Assim, podemos até concluir que há um povo mais semelhante

constituído de sunitas. Deste modo, o mais apropriado seria a criação de

um Estado Sunita que possui vínculos que vão além do islamismo.

Neste particular, surge uma colocação interessante. Um dos princi-

pais fundamentos para a criação deste novo Estado Islâmico é o resgate

da história gloriosa do grandioso império Islâmico. Império que viveu sua

apoteose por aproximadamente 400 anos. O fundamento de sua existên-

cia foi a crença no islamismo. Na época, idos dos anos 1000, o islamismo

era imperialista e necessariamente expansionista, para que fosse possí-

vel levar aos quatro cantos do mundo os ensinamentos de Alá. Hoje há