

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 68, p. 60-79, mar. - mai. 2015
70
ção
32
, passando pelo decreto
ad exstirpanda
33
do Papa Inocêncio IV, até o
Index Librorum Prohibitorum
34
. O mesmo ocorreu com o islamismo. Não
podemos esquecer que, ao lado da liderança religiosa, Maomé também
exerceu uma liderança militar de conquistas de riquezas, até mesmo pela
sobrevivências do islã, pois que estas invasões eram o meio utilizado para
tanto. O
jihad
, que é justamente esta luta, este esforço para a propagação
e manutenção das conquistas do islã, como vimos, é um dos fundamentos
da fé mulçumana.
Por outro giro, como nos lembra Ali Kamel
35
, os passos históricos
mais antigos e significativos na marcha até se atingir o
jihad
violento
foram dados por Taymyya um filósofo do século XIII e por Muhammad
ibn Abd AL- Wahhab. Este último, sunita ortodoxo, ainda no século XVIII,
propôs um retorno às origens do Islã, combatendo tudo que pudesse ser
considerado uma inovação. Toda inovação, principalmente relacionada ao
comportamento do ocidental, representava o degredo moral para os mul-
çumanos e, portanto, uma ameaça ao Islã. A música, a dança, o álcool e o
fumo deveriam ser imediatamente banidos. As mulheres deveriam voltar
a ser consideradas em um segundo plano. Ademais,
“A lealdade deve ser
total ao governante que tiver o Alcorão como lei
.
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Todo homem deveria
viver como os
salafis
, que eram exatamente as primeiras gerações de mul-
çumanos da época de Maomé. Esta forma radical de ver o mundo passou
a ser conhecida como Wahhabismo.
Já na década de 20, mais precisamente 1928
37
, o grande pensador e
articulador desta forma violenta de interpretar o
jihad
no Egito era Hasan
Al Banna. Era wahhabista e fundador da chamada Irmandade Mulçumana.
Pregava a reunião de todos os mulçumanos em uma só nação, governados
por um só califa. Em 34, a Irmandade já contava com filiais em todo o Egi-
to. Em 39 passou a atuar como grupo político. Em 45, aderiu claramente a
violência e ao terror como forma de expressão política buscando a queda
32 O Papa Gregório IX cria o Ofício da Santa Inquisição com objetivo de torturar e matar todo aquele que se rebe-
lasse contra os dogmas da igreja católica.
33 Decreto de Inocêncio IV autorizando a tortura como forma de convencimento a conversão ao cristianismo católico.
34 O conhecimento, arte e cultura, eram proibidos por decretos como a lista de obras cuja leitura e conhecimento
estariam terminantemente proibidas.
35 KAMEL, Ali,
in
Sobre o Islã
. A Afinidade entre Mulçumanos Judeus e Cristãos e as Origens do Terrorismo. Editora
Nova Fronteira, 2005, 6ª. impres. p. 179.
36 KAMEL, Ali,
in
Sobre o Islã
. A Afinidade entre Mulçumanos Judeus e Cristãos e as Origens do Terrorismo. Editora
Nova Fronteira, 2005, 6ª. impres. p. 180 e segs.
37 KAMEL, Ali,
in
Sobre o Islã
. A Afinidade entre Mulçumanos Judeus e Cristãos e as Origens do Terrorismo. Editora
Nova Fronteira, 2005, 6ª. impres. p. 185 e segs.