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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 68, p. 60-79, mar. - mai. 2015

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da Monarquia Egípcia. Para Al Banna e seus seguidores, que a esta altura

já não eram poucos,

jihad

é a guerra que o verdadeiro mulçumano tem

que travar, “

Deus

é

nosso objetivo, o Mensageiro é o nosso exemplo, o

Alcorão é a nossa Constituição, o Jihad é o nosso método e o martírio é

o nosso desejo.... Para uma nação que aperfeiçoa a indústria da morte e

sabe como morrer de forma nobre, Deus dá uma vida de orgulho neste

mundo e eterna graça no mundo que está por vir...

Al Banna foi assassinado e grande parte dos mulçumanos expulsos

do Egito, o que para alguns historiadores, teria sido esta a razão da in-

ternacionalização da Irmandade Mulçumana. Segundo ainda Ali Kamel

38

,

praticamente todos os grupos terroristas islâmicos são originados dessa

célula mater. É neste contexto que, na década de 60, surge Sayydi Qutb,

para quem “

... o destino daqueles que se põem contra a expansão do islã

deve ser a morte...”

. A Al-Qaeda é fruto deste processo histórico. A Ir-

mandade Mulçumana da Palestina contava com Abdullah Azzan que teria

sido o grande mentor de Osana Bin Laden a partir da criação da Maktabu

I-Khidamat, a qual teria evoluído para a Al Qaeda.

Com uma forma bemmais violenta de praticar o

jihad

que a Al Qae-

da, surge neste cenário o líder do estado Islâmico, Abu Bakr AL-Baghdadi.

Para os analistas, a crueldade mediática neste ambiente dúbio é vista por

seu líder como expressão de força e poder. Expressão esta que levaria -

em tese - à conquista do maior número de adeptos possível

39

.

Parte II

1. A TEORIA GERAL DO ESTADO COMO FACILITADORA DA COMPRE-

ENSÃO DO ESTADO ISLÂMICO

1.1 O Processo de nascimento de um estado

Feito este breve introito, deixando algumas divergências doutriná-

rias passar ao largo

40

, entendemos oportuna a lembrança no sentido de

38 KAMEL, Ali,

in

Sobre o Islã

. A Afinidade entre Mulçumanos Judeus e Cristãos e as Origens do Terrorismo. Editora

Nova Fronteira, 2005, 6ª. impres. p. 209 e segs.

39 A estratégia de conquista de novos adeptos mulçumanos do mundo inteiro, inclusive dos Estados Unidos, pode

ser sentida no grande volume de americanos, ingleses e possuidores de outras nacionalidades que deixam o seu

Estado para perfilhar as fileiras do EI a disposição de dar a vida por Alá e ganhar sua recompensa no paraíso. Neste

particular ver reportagem no sítio:

www.Globosatplay.globo.com

visitada em 04/09/14.

40 O tema provoca muitas discussões doutrinárias. Para alguns autores Estado é uma nação (povo) politicamente

organizada (governo); para outros, povo território e governo; para outros tantos povo, território e poder; outros, no

entanto, adicionam a finalidade. Vale dizer, as divergências doutrinárias variam desde a caracterização de um ele-