

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 76 - 87, jan - fev. 2015
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Percebe-se, assim, um processo de homogeneização da repressão,
devido ao atual estado de guerra imperial, que obrigam os Estados-nação
a combinar forças que legitimam a ordem imperial manifestada através
de redes disseminadas e não mais como sujeito centralizado e soberano
(NEGRI e HARDT, 2012 b).
Pela atuação do movimento de advogados na cidade do Rio de Ja-
neiro é possível verificar que determinadas formas de repressão do Es-
tado aos movimentos das ruas seguem a lógica da nova ordem imperial
descrita por Negri, agindo, principalmente, através do estado de exceção,
como método de governo, em um permanente estado de guerra global
para a manutenção da ordem vigente.
Agamben nos ensina que o estado de exceção apresenta analogias
evidentes com o direito de resistência, afirmando que “tanto no direito de
resistência quanto no estado de exceção, o que realmente está em jogo é
o problema do significado jurídico de uma esfera de ação em si extrajurí-
dica” (Agamben: 2004:24).
Já na concepção de Negri “a resistência é uma resposta ou reação
primordial emmatéria de poder. Este princípio faculta-nos uma perspectiva
diferente sobre o desenvolvimento dos conflitos modernos e o surgimento
de nossa atual guerra global permanente” (NEGRI e HARDT, 2012 b: 98).
Portanto, o estado de guerra global deve ser entendido pela inves-
tigação da genealogia dos movimentos sociais e políticos de resistência,
já que em tempos de biopoder e biopolítica as questões militares estão
intimamente ligadas ao social, político, cultural e econômico (NEGRI e
HARDT, 2012 b).
Vale destacar que as novas guerras universais, contra o terrorismo,
por exemplo, incorporam tratados no direito interno, assumindo existên-
cia de uma rede imperial de aparatos militares e policiais se chocando
contra “inimigos” articulados em rede por todos os lados.Nesta lógica, a
repressão passa a ser uma política imperial de contenção dos movimentos
da multidão no esforço de impedi-los de ganhar legitimidade política.
Bibliografia
ARIAS, J. (2013). "Las protestas en Río llevan miedo y violencia al
Maracaná".
El País
, 17 de junho. Disponível em:
http://internacional.elpais.com/internacional/2013/06/17/actualidad/1371432177_116265.html.