

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 516 - 525, jan - fev. 2015
522
Em tal cenário, conglomerados de mídia acumulam diferenciais
inacessíveis a organizações de menor porte: altas tecnologias,
know-how
gerencial, pesquisa e desenvolvimento de produtos de ponta, capacidade
industrial, inovações, recursos humanos e criativos, esquemas globais de
distribuição, campanhas publicitárias mundializadas e técnicas sofistica-
das de conhecimento dos mercados.
Parcerias, acordos estratégicos e
joint ventures
permitem às em-
presas atuações conjugadas em partes complementares dos processos
produtivos, beneficiando a concentração e a oligopolização. Ao optarem
por estratégias de colaboração e descentralização parcial com divisão de
responsabilidades, as corporações visam a aumentar seus lucros, seja
cortando despesas e repartindo perdas, seja contornando riscos — em
especial os decorrentes da instabilidade econômica e do encolhimento
da vida útil das mercadorias. Os lucros são reaplicados em atividades di-
versas com o objetivo de minar antigas supremacias e, quando possível,
instituir novos monopólios.
Os projetos exigem aportes financeiros e boa logística, a fim de fa-
cilitar o escoamento e os ganhos de escala nas praças estrangeiras, levan-
do-se em conta adaptações aos custos e fatores locais de produção, bem
como a necessidade imperiosa de equilibrar as relações entre trabalho,
distribuição de renda, poder aquisitivo, modelo tecnoprodutivo e siste-
máticas de comercialização, de acordo com a estrutura de cada mercado.
Para preservar o sistema monopólico e suas receitas em perma-
nente expansão, as corporações recorrem a duas manobras principais, de
acordo com David Harvey. A primeira delas é a ampla centralização do
capital, exercendo o poder financeiro em busca de economia de escala
e da liderança no mercado. A segunda manobra consiste em proteger a
qualquer preço as vantagens tecnológicas, por meio de patentes, leis de
licenciamento e direitos de propriedade intelectual.
7
A concentração dos processos produtivos e dos esquemas globais
de distribuição e comercialização em torno de um punhado de grupos
empresariais tem por finalidade garantir o maior domínio possível sobre a
cadeia de fabricação, processamento, comercialização e distribuição dos
produtos e serviços, ampliando consideravelmente a rentabilidade e os
dividendos monopólicos.
7 David Harvey,
O novo imperialismo
, São Paulo, Loyola, 2004.