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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 516 - 525, jan - fev. 2015

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Em tal cenário, conglomerados de mídia acumulam diferenciais

inacessíveis a organizações de menor porte: altas tecnologias,

know-how

gerencial, pesquisa e desenvolvimento de produtos de ponta, capacidade

industrial, inovações, recursos humanos e criativos, esquemas globais de

distribuição, campanhas publicitárias mundializadas e técnicas sofistica-

das de conhecimento dos mercados.

Parcerias, acordos estratégicos e

joint ventures

permitem às em-

presas atuações conjugadas em partes complementares dos processos

produtivos, beneficiando a concentração e a oligopolização. Ao optarem

por estratégias de colaboração e descentralização parcial com divisão de

responsabilidades, as corporações visam a aumentar seus lucros, seja

cortando despesas e repartindo perdas, seja contornando riscos — em

especial os decorrentes da instabilidade econômica e do encolhimento

da vida útil das mercadorias. Os lucros são reaplicados em atividades di-

versas com o objetivo de minar antigas supremacias e, quando possível,

instituir novos monopólios.

Os projetos exigem aportes financeiros e boa logística, a fim de fa-

cilitar o escoamento e os ganhos de escala nas praças estrangeiras, levan-

do-se em conta adaptações aos custos e fatores locais de produção, bem

como a necessidade imperiosa de equilibrar as relações entre trabalho,

distribuição de renda, poder aquisitivo, modelo tecnoprodutivo e siste-

máticas de comercialização, de acordo com a estrutura de cada mercado.

Para preservar o sistema monopólico e suas receitas em perma-

nente expansão, as corporações recorrem a duas manobras principais, de

acordo com David Harvey. A primeira delas é a ampla centralização do

capital, exercendo o poder financeiro em busca de economia de escala

e da liderança no mercado. A segunda manobra consiste em proteger a

qualquer preço as vantagens tecnológicas, por meio de patentes, leis de

licenciamento e direitos de propriedade intelectual.

7

A concentração dos processos produtivos e dos esquemas globais

de distribuição e comercialização em torno de um punhado de grupos

empresariais tem por finalidade garantir o maior domínio possível sobre a

cadeia de fabricação, processamento, comercialização e distribuição dos

produtos e serviços, ampliando consideravelmente a rentabilidade e os

dividendos monopólicos.

7 David Harvey,

O novo imperialismo

, São Paulo, Loyola, 2004.