

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 516 - 525, jan - fev. 2015
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suportes e meios de transmissão, distribuição, circulação, exibição e con-
sumo, fazendo sobressair a mais-valia na economia digital.
Agrupam-se
os mais distintos atores econômicos, atraídos pela oportunidade de ala-
vancar seus negócios, aí incluídos fabricantes, anunciantes, patrocina-
dores, fornecedores, administradores de marcas, gestores corporativos,
criadores de campanhas publicitárias, operadores financeiros etc.
Origina-se daí um sistema multimídia com flexibilidade operacional
e produtiva, que inclui variedade de empreendimentos e serviços de am-
plitude imensurável, explorando fluxos velozes, espaços de visibilidade e
elementos culturais os mais díspares.
Concentração monopólica: limites e agravantes
Para se avaliar o nível de rentabilidade do mercado de mídia e
entretenimento, basta mencionar que, no ranking das 200 maiores em-
presas não financeiras do mundo, estão nada menos do 20 empresas de
mídia e entretenimento. Ou seja, dez por cento do total. Contribuíram
bastante para este resultado as desregulamentações neoliberais dos anos
1980 e 1990. Mesmo que o desempenho atual seja afetado pela retração
das verbas publicitárias e pela desaceleração internacional, consultorias
especializadas preveem que os investimentos em comunicação continua-
rão a crescer a médio e longo prazos.
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À luz do figurino da concentração monopólica, não há distinção re-
levante entre filosofias, estruturas operativas e objetivos. Nada difere os
perfis corporativos de Time Warner, News Corporation, Disney ou Sony
dos de General Motors, McDonald’s ou Coca-Cola. As nuanças localizam-
-se nas áreas de atuação — muito embora essa separação venha se redu-
zindo em função da convergência multimídia, de alianças, fusões e par-
ticipações cruzadas. A liberalização generalizada favoreceu a entrada do
capital financeiro nos mercados de comunicação de muitos países. Hoje,
bancos, fundos de investimentos e magnatas das finanças e do petróleo
têm participações acionárias e aplicações em mídia, atraídos pela expec-
tativa de alta rentabilidade com a explosão digital.
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5 O estudo
“Global Entertainment and Media Outlook 2012-2016”
, divulgado pela PricewaterhouseCoopers, pre-
vê que o investimento global no setor deve saltar de US$ 1,6 trilhão em 2011 para US$ 2,1 trilhão em 2016, isto
é, crescimento de 25%. Ver “Gastos com mídia e entretenimento no Brasil chegam a US$ 65 bi nos próximos cinco
anos”, PricewaterhouseCoopers. Disponível em:
<http://www.pwc.com.br/pt/sala-de-imprensa/assets/press--release/entertainment-media-2012-press-releaase.pdf>.
6 Philippe Bouquillion,
“La constitution des pôles des industries de la culture et de la communication. Entre ‘coups’
financiers et intégration de filiares industrielles
”, em Bernard Miège (org.),
La concentration dans les industries de
contenu
, Paris, Réseaux, 2005.