

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 516 - 525, jan - fev. 2015
516
O Monopólio da Mídia na
Construção de
Consensos Sociais
Dênis de Moraes
Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro, pós-doutor pelo Consejo
Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO, Argen-
tina), pesquisador sênior do CNPq e da FAPERJ e pro-
fessor associado da Universidade Federal Fluminense.
Introdução
Meu propósito é analisar e problematizar o papel protagônico que
a mídia exerce na construção dos consensos sociais. Parto da premissa de
que os discursos por ela veiculados interferem preponderantemente na
cartografia do imaginário coletivo, propondo leituras e interpretações da
realidade aceitas ou consideradas por amplos setores da sociedade. O po-
der de penetração da mídia acentua-se com a potência planetarizada de
canais, plataformas e suportes de comunicação digitais, que interligam,
em tempo real e com velocidade inaudita, povos, sociedades, economias
e culturas, sempre em busca de audiência, lucratividade e influência nos
contextos histórico-sociais.
Ainda que possam existir respostas diferenciadas de indivíduos e
grupos às irradiações midiáticas, penso que o quadro geral em que vive-
mos foi muito bem sintetizado por Edward Said: “Somos bombardeados
por representações pré-fabricadas e reificadas do mundo, que usurpam a
consciência e previnem a crítica democrática, e é à derrubada e ao des-
mantelamento desses objetos alienantes que, como disse corretamente
C. Wright Mills, o trabalho do humanista intelectual deve ser dedicado.”
1
1 Edward Said,
Humanismo e crítica democrática
, São Paulo, Companhia das Letras, 2007, p. 95.