Background Image
Previous Page  461 / 590 Next Page
Basic version Information
Show Menu
Previous Page 461 / 590 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 459 - 466, jan - fev. 2015

461

to, “a legislação penal não assimila tamanha velocidade e o direito penal

parece estagnado frente ao progresso tecnológico”

8

, sendo que, segundo

esse mesmo autor, “(re)pensar a (re)estruturação de políticas de segurança

pública e justiça criminal deve necessariamente (se quisermos ter eficácia)

passar por uma (re)atualização das ‘fórmulas’ de contenção da violência”

9

.

A realidade atual indica que a quantidade de pessoas que frequen-

tam instituições de controle (escolas, fábricas, hospitais, manicômios, pri-

sões, fábricas etc.) ou que circulam nos espaços públicos e privados já

não podem mais ser vigiadas sem o uso da tecnologia. Contudo, este uso,

tal como o da vigilância na modernidade, apresenta funcionalidades e li-

mitações nem sempre percebidas e compreendidas, mas que alimentam

sonhos de controle e, mais do que isso, os lucros deste mercado, como já

nos alertava Nils Christie, no final da década de 1990.

10

Para David Garland, na análise que faz sobre a cultura do controle

de forma mais ampla, ainda que as estratégias atuais de controle do delito

estejam ajustadas de alguma forma às estruturas das sociedades de moder-

nidade tardia, elas não são inevitáveis, uma vez que moldadas por institui-

ções políticas e por compromissos culturais, sendo, portanto, resultado de

escolhas políticas que podem ser diferentes. De acordo o autor:

(...) nuestra moderna tendencia a pensar en la ‘imposición

de la ley’ como sinônimo del ‘control del delito’ revela hasta

que punto nos hemos acostumbrado a pensar en el Estado

como el mecanismo fundamental para enfrentar el delito.

(...) existen otras posibilidades para el control del delito y la

formación de un orden social, como hemos visto cuando con-

sideramos las respuestas adaptativas desarrolladas por las

agencias administrativas.

11

É conveniente acrescentar, no entanto, que “(...) o emprego mas-

sivo de novas tecnologias de segurança (do DNA à biometria, passando

8

Idem

, p. 53.

9

Idem, ibidem

.

10 CHRISTIE, Nils.

A indústria do controle do crime: a caminho dos GULAG’s em estilo ocidental

. Tradução de Luís

Leiria. Rio de janeiro, Forense, 1998.

11 GARLAND, David.

La Cultura del Control

:

crimen y ordem social en la sociedad contemporánea.

Barcelona: Ge-

disa, 2005, p. 74 – 237.