

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 356 - 375, jan - fev. 2015
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O Pensamento de Karl Marx e
a Criminologia Crítica: Por uma
Criminologia do Século XXI
Thiago Celli Moreira de Araujo
Mestrando em Socioloia pelo Instituto Universitário
de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), pós-gradu-
ado em Criminologia, Direito e Processo Penal pela
Universidade Candido Mendes (UCAM).
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
No dia 14 de março de 2013, comemorou-se o aniversário de 130
anos da morte de Karl Heinrich Marx (1818-1883). A figura do grande pen-
sador alemão passou por diversos momentos ao longo de todos esses anos,
tendo sido alvo das mais diversas manifestações. Em alguns deles, foi acla-
mado como o símbolo da esperança de um mundo mais livre, justo e soli-
dário; em outros, foi espezinhado como o símbolo do fracasso do “socialis-
mo real”. O grande colaborador e melhor amigo de Marx, Friedrich Engels
(1820-1895), talvez tenha sofrido mais do que o próprio pai do marxismo.
Alguns ignoram o fato de que suas contribuições foram fundamentais para
o pensamento marxista (um exemplo claro disso está no seu portentoso
trabalho – o preferido de Marx, por sinal – intitulado
A situação da classe
trabalhadora na Inglaterra
), tratando-o de forma subsidiária; outros apon-
tam para sua produção teórica e acusam-no, em uma clara demonstração
de estupidez, de ter sido o culpado pelo
stalinismo
; outros aplaudem sua
originalidade e compreendem que, sem Engels, não haveria Marx.
Boaventura de Sousa Santos (1940- ), em seu
Pela mão de Ali-
ce
(1994), aponta para o fato de que o pensamento marxista passou por
diversos momentos entre 1890 e a década de 1980, passando por mo-
mentos de aclamação, esquecimento e renegação. Com toda a certeza,