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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 243 - 255, jan - fev. 2015

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Caminhos da resistência democrática

Não há soluções mágicas para impedir ou retroceder este caminho

de entronização do estado policial, porém a resistência democrática pode

se dar em várias frentes.

Primeiro, a retomada no processo das democratizações interrompi-

das, no âmbito das comunicações e no Judiciário.

É preciso encontrar instrumentos para reequilibrar as vozes, demodo

a fazer com que liberdade de expressão volte a ter base no pluralismo,

como a limitação de controle da propriedade dos meios de comunicação.

Sem prejuízo de aproveitar os mecanismos informais de pulveriza-

ção da comunicação, no qual a Internet certamente é o mais relevante.

A luta pela democratização do Judiciário também deve ser retoma-

da. É preciso reduzir as oligarquias e o poder de reprodução contínua

do mesmo pensar no Judiciário. Onde existir hierarquia não haverá

independência. Onde não houver independência, não haverá garantismo.

Onde essas resistências se encontram, essas redemocratizações se

mesclam, é justamente na ação que possamos fazer, a partir do direito,

na pulverização da informação. Ou, na recomendação de Zaffaroni, que é

ao mesmo tempo um estudioso do Judiciário e feroz crítico da criminolo-

gia midiática: sair dos guetos e deixar o discurso acadêmico para disputar

essa

encruzilhada civilizatória

7

.

Jonathan Simon relembra que algumas das leis de referência da ex-

pansão da criminalização foram produzidas em governo e congresso de

maioria democrata, na antevéspera de eleições

8

.

Se serve de alerta para nós, sucumbir ao conservadorismo não evi-

tou em nada as derrotas eleitorais que vieram.

Começa-se a perder o poder, quando se perde a capacidade de de-

fender as ideias.

Referências Bibliográficas

GELLATELY, Robert.

Apoiando Hitler – Consentimento e coerção na Ale-

manha nazista.

Tradução de Vitor Paolozzi. Rio de Janeiro. Ed. Record, 2012.

7

Op. Cit.

p. 17.

8

Op. Cit.