

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p.212 - 220, jan - fev. 2015
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A complexidade é ainda mais aguçada quando percebemos que
práticas autoritárias e truculentas de alguns policiais não destoam, mas,
ao contrário, convergem para os discursos que legitimam as práticas vio-
lentas cotidianas de pessoas, como é o caso dos “justiceiros” que algema-
ram um suposto assaltante a um poste.
A legitimação do estado policialesco e violento que reprime manifes-
tações sociais se ancora na existência de práticas violentas e intolerantes da
própria comunidade, simbolicamente suportadas no discurso da segurança,
da proteção dos direitos e do cidadão de bem, mostrando claramente a
necessidade da suspensão dos direitos para determinadas classes sociais. É
necessário perceber, portanto, que as conquistas humanas não podem ser
perdidas pelo olhar, ainda que incrédulo, das práticas desumanas.
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