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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, p. 37 - 60, Setembro/Dezembro 2017

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nitorada do recorrido, enquanto em regime semiaberto; (iii)

o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao

sentenciado após progressão ao regime aberto”.

Essa última decisão do STF, porém, é consequencialista, porque não

resolve o problema estrutural da ausência de estabelecimentos adequados

para o cumprimento do regime semiaberto. Na verdade, tal atribuição,

como política pública complexa, é da alçada dos Executivos Federal, Esta-

duais e Distrital.

A falta de resolução da questão carcerária tem proporcionado um au-

mento exponencial do orçamento da segurança pública da União, dos Esta-

dos e do Distrito Federal. Em 2015, o gasto com segurança pública no Brasil

totalizou R$ 76,2 bilhões, um aumento de 11,6% em relação ao ano anterior,

segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo

Fórum Brasileiro de Segurança Pública (AGÊNCIA BRASIL, 2016). O Esta-

do de São Paulo investiu R$ 11,3 bilhões, a União, R$ 9 bilhões e o Estado

de Minas Gerais, R$ 8,8 bilhões. Ainda assim, os índices de criminalidade

brasileira são elevadíssimos e não recuam, no geral. Vale o registro do

Atlas

da Violência 2016

:

Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM),

do Ministério da Saúde, em 2014 houve 59.627 homicídios no

Brasil – o que equivale a uma taxa de homicídios por 100 mil

habitantes de 29,1. Este é o maior número de homicídios já

registrado e consolida uma mudança no nível desse indicador,

que se distancia do patamar de 48 mil a 50 mil homicídios,

ocorridos entre 2004 e 2007, e dos 50 a 53 mil mortes, registra-

das entre 2008 a 2011.

Para situarmos o problema, estas mortes representam mais de

10% dos homicídios registrados no mundo e colocam o Brasil

como o país com o maior número absoluto de homicídios.

Numa comparação com uma lista de 154 países com dados

disponíveis para 2012, o Brasil, com estes números de 2014, es-

taria entre os 12 com maiores taxas de homicídios por 100 mil

habitantes. (IPEA; FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA

PÚBLICA, 2016, p. 6).