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ARTIGOS
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Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 16 - n. 1, p. 56-109, 1º sem. 2018
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com democracia forte não reconhecem que, quando uma mulher não quer
se submeter a esses procedimentos, ela pode pedir refúgio.
Kahale Carrilo (2010) destacou que as situações em que há a mutila-
ção do órgão sexual decorrem dos mais variados motivos, dentre eles:
1 - sexuais, a fimde controlar oumitigar a sexualidade feminina;
2 - sociológicos: pratica-se, por exemplo, como rito de inicia-
ção das meninas e, na idade adulta, para a integração social e
manutenção da coesão social;
3 - estéticos e higiênicos: existe ainda a crença de que as geni-
tálias femininas são sujas e antiestéticas;
4 - religiosos: devido à crença errônea de que a intervenção
na genitália feminina é um preceito religioso. Pratica-se entre
meninas de 4 a 14 anos;
5 - em alguns países, como Eritreia e Mali
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, realiza-se em me-
ninas menores de um ano,
Segundo Inês García Zafra (2006), em diversos estudos realizados
com mulheres vítimas de maus-tratos, encontram-se dados que demons-
tram que essas mulheres apresentam uma maior prevalência de síndrome
de estresse pós-traumático, crises de ansiedade, fobias, abuso de substân-
cias, transtornos, dores crônicas, depressão e risco de suicídio
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. Sobre a
questão, manifestou-se Delgado Álvarez (2010):
La violencia contra las mujeres es un instrumento que sirve a un
fin. En este caso es el perpetuar un orden social de dominación
sobre uno de los genéricos en los que biológica y socialmente se
72 KAHALE CARRILLO, Djamil Tony.
El derecho de asilo frente a la violencia de género
. Madrid: Editorial Universi-
tária Ramón Areces, 2010. p. 61. Tradução livre do autor.
73 ZAFRA, Inés García & DÍAZ, María José Jiménez. El maltrato y su naturaleza.
In
: CUEVA, Lorenzo Morillas
(coord.).
Sobre el maltrato a la mujer
. Madrid: Dykinson, 2006. p. 238.