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ARTIGOS
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Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 16 - n. 1, p. 56-109, 1º sem. 2018
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sassínio de esposa) é uma manifestação do sentimento de propriedade.”
(WILSON, 2003: 262
apud
MAGALHÃES, CANOTILHO & BRASIL, 2007)
69
.
A SAÚDE DAS MULHeRES NO PLANO INTERNACIONAL
QUESTÃO DE DIREITOS HUMANOS E SAÚDE PÚBLICA
Em várias nações, há atentados contra a saúde das mulheres, e as
mesmas não recebem a mesma atenção dispensada aos homens pelo apa-
relho estatal. Em muitas culturas, ainda deve haver a anulação completa
da mulher com barbárie e mutilações em suas genitálias.
Dentre as violações mais frequentes, estão a venda como escravas
sexuais, maus-tratos no âmbito familiar e abusos sexuais por seus pais du-
rante a infância. Alguns deles, quando cometem os crimes sexuais, justifi-
cam sua atitude dizendo: “Foi eu que fiz, tenho o direito de ser o primei-
ro”. Este tipo de abuso é cometido pelos pais e padrastos, no seio familiar,
ainda quando as crianças nem completaram 5 anos de idade.
Segundo dados das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a estimati-
va do número total de mulheres, atualmente, que tenham sofrido interven-
ção na África situa-se entre 100 e 130 milhões. Isto significa que, consideran-
do-se a taxa de nascimentos que ocorrem a cada ano, milhões de meninas
correm o risco de padecer algum tipo de mutilação genital feminina
70
.
A maior parte das meninas e mulheres que são vítimas dessa prática
vive em 28 países africanos, e algumas no continente asiático. Cada vez
mais há casos na Europa, na Austrália, no Canadá e nos Estados Unidos,
principalmente entre os imigrantes procedentes da África e do sudeste
asiático
71
. O que se tem verificado é que muitos países desenvolvidos e
69 MAGALHÃES, Maria José; CANOTILHO, Ana Paula & BRASIL, Elisabete.
Gostar de mim de ti – Aprender a pre-
venir a violéncia de género
. Porto: Umar, 2007. p. 37. (Português falado e escrito em Portugal.
70 A ONU reconhece tais práticas como “práticas tradicionais nocivas”, o que viola a liberdade das mulheres.
71 KAHALE CARRILLO, Djamil Tony.
El derecho de asilo frente a la violencia de género
. Madrid: Editorial Universi-
tária Ramón Areces, 2010. p. 59. Tradução livre do autor.