

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 78, p. 227-252, Janeiro/Abril 2017
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forma como ele é apresentado aos praticantes e conduzido por eles. Quando
o objetivo central da disputa é apenas elencar campeões, com regulamentos
e exigências de rendimento obrigatório sem adequações às capacidades dos
participantes, ele pode ser excludente. Existem chances maiores de enga-
jamento e desenvolvimento das potencialidades dos praticantes quando a
intenção é a promoção do prazer e do aprendizado em vivências ressignifi-
cadas, com regras de disputa modificadas para privilegiar a participação, e
não apenas o resultado (MARQUES, 2016).
O outro aspecto reside na forma como a sociedade ainda considera e
valoriza os desportistas com deficiência. Há desconforto em relação ao dis-
curso
supercrip
. Uma forma de abordar as PCD, que destaca a necessidade
e capacidade de superação, por parte dessas pessoas, sobre as dificuldades
oriundas da deficiência. Esse discurso é muito comum na mídia desportiva,
quando destaca não o desempenho atlético do sujeito, mas sim o fato de
ele ser um herói, por ser PCD, e ainda assim conseguir feitos desportivos.
Tal discurso considera as PCD como pessoas diferentes, distanciando-as das
demais, simbolizando uma forma de discriminação velada, que precisa ser
mudado, pois ainda não representa a inclusão social digna da pessoa huma-
na (MARQUES, 2016).
Enfim, desde a criação dos jogos paralímpicos, esses tomaram um sen-
tido cada vez mais inclusivo e socializador, numa expressão de Olimpismo
e Direito Fundamental da Pessoa Humana. Logo, construindo-se o desporto
como o um direito “paratodos”, que revela e inspira heróis desportivos.
3 DISCUSSÃO E ANÁLISE DO RESULTADO
Os megaeventos desportivos só serão realmente significativos para o
Brasil se houver uma articulação social e política que resulte numa amplia-
ção do acesso ao Direito Social ao Desporto, devendo esse avanço se perpe-
tuar no período pós-eventos. Assim, ao sediar um megaevento desportivo,
o país não deve ter só como interesse o foco do evento em si, mas também
as oportunidades que eles podem gerar ao desenvolvimento social do país,
escolar, de alto rendimento e paralimpico.
Ademais, a evolução social esperada não é gratuita nem é automatica-
mente garantida. É preciso que haja uma análise e discussão dos princípios
que estruturam a PNE instalada para a realização dos megaeventos; dos
caminhos traçados para a realização desses e da legislação que garantiu a sua
realização. Cabe então agora se discutir internamente como tornar univer-