Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  40 / 210 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 40 / 210 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 74, p. 9 - 65. 2016

38

versalistas sem desconsiderar a dificuldade dos Estados em dar efeitos a

decisões estrangeiras sem que passe pelo crivo da autoridade local. No

caso do Brasil, por exemplo, o sistema de Jay Westbrook está em conso-

nância com o disposto no art. 12, § 1ª do Decreto-Lei nº 4.657 (LINDB)

76

e

art. 23, I, do atual CPC

77

.

Jay Westbrook propõe, ainda, que o seu sistema intermediário deve

auxiliar também na tentativa de propor soluções para a complexa situa-

ção dos grupos societários. Segundo o autor, uma falência ou recuperação

de um conglomerado societário realmente interligado possui muito mais

chance de obter sucesso se for centrado em um juízo universal

78

. O pro-

fessor norte-americano cita, ainda, proposta do jurista Phillip Blumberg

de desconsiderar a personalidade jurídica das sociedades em determina-

das situações que exijam isso

79

. Ressalta, porém, que a questão é delicada

e merece um estudo mais cauteloso

80

.

Outro sistema intermediário que ocupou destaque nos debates so-

bre insolvência transfronteiriça é o do professor Lynn LoPucki, nomeado

de territorialismo cooperativo (

cooperative territoriality

). O modelo foi

proposto em um de seus estudos de crítica ao universalismo

81

, que pos-

76 Art. 12. "É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver

de ser cumprida a obrigação". § 1º. "Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a

imóveis situados no Brasil".

77 Art. 23. "Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I – conhecer das ações

relativas a imóveis situados no Brasil".

78 Para o autor, o universalismo “depends equally on a second assertion, that a universalist rule would so increase

values available for all local claimants in all general defaults as to offset by far the losses that particular local clai-

mants might suffer in some cases. That assertion is persuasive because the preservation of going concern values

and the maximizing of liquidation values by integrated sales will likely increase returns to creditors greatly”. WEST-

BROOK, Jay Lawrence.

Theory and Pragmatism in Global Insolvencies: Choice of Law and Choice of Forum

. 65, The

American Bankruptcy Law Journal, 457 – 465 (1991). Disponível em:

<https://litigation-essentials.lexisnexis.com/

webcd/app?action=DocumentDisplay&crawlid=1&srctype=smi&srcid=3B15&doctype=cite&docid=65+Am.+Bankr.+

L.J.+457&key=753a0ac40caae4da42f4dea05fcadd85>. Acesso em: 16.05.2016.

79 “This problem [corporate groups] is also far broader than bankruptcy. In his classic multivolume treatise, The Law

of Corporate Groups, Phillip Blumberg analyzes in detail the enormous legal problems that are presented by busi-

ness enterprises with a single direction, but infinitely multipliable legal redoubts. He suggests that they may have to

be treated as single entities under some circumstances, ‘piercing the corporate veil’”. WESTBROOK, Jay Lawrence.

A Global Solution…

, p. 2311.

80 A título de complementação, convém destacar sugestão do juiz federal Samuel Bufford, amparada pela lição de

Lynn LoPucki, de administrar um grupo societário integrado em sua home country ao passo que, nos casos dos gru-

pos independentes, cada entidade legal seria administrada separada em sua home country: “[...] a corporate group

that is an integrated economic unit can only be reorganized or liquidated efficiently if it is done collectively for the

entire group. Professor LoPucki’s solution to the problem of corporate groups is exactly correct. The sensible solu-

tion, he says, is to administer economically integrated group members in the home country of the integrated group,

and to administer economically independent group members separately in their own home countries.” BUFFORD,

Samuel L. "

Global Venue..."

, p. 136.

81 O territorialismo cooperativo foi proposto pioneiramente em um estudo do autor, criticando os modelos uni-

versalistas existentes: “This Article examines several competing systems proposed for international cooperation in