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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 69, p. 9-13, jun - ago. 2015
agregação de políticas sociais de apoio às populações mais sofridas, pode-
rão produzir algum resultado.
Igualmente a Justiça tem procurado atuar nos limites da legalidade,
não sendo razoável tomar o todo pela parte apenas por alguns exemplos
isolados de abusos injustificáveis (passeio de juiz com o porsche de co-
nhecido empresário, cuja penhora ele mesmo determinara para recolhi-
mento ao depósito público, entre muitos outros que lamentavelmente
poderiam ser lembrados). Mas, insista-se, essa conduta vergonhosa é ab-
solutamente minoritária e deve ser combatida com todo o rigor, até mes-
mo acrescido pela qualificação dos autores dos apontados delitos contra
a garantia constitucional de uma justiça decente deste conceito e de seus
desdobramentos no imaginário popular.
Enfim, corrupção e violência são faces nem sempre distintas de
uma barbárie que vem se banalizando pela cínica repetição no cotidiano.
Impõe-se a consciência da coesão social, traduzida em reação pautada
pela Constituição e pelas normas legais, mas firme e portadora de neces-
sária insubmissão cidadã. O crime organizado, a corrupção ativa e passiva,
como tantos outros abusos inqualificáveis, e a violência quase invariavel-
mente gratuita contra a liberdade e a vida não podem continuar sob o
privilégio da impunidade. É imperiosa a reação de todos os segmentos
sociais – sem dúvida, amplamente majoritários – e do Estado por seus
poderes e autoridades, antes que se faça fila para os velórios de todos
os dias e continue a se meter descaradamente a mão no bolso dos inde-
fesos, principalmente dos aposentados, dos economicamente carentes e
dos desempregados. Ninguém se iluda com ajuste fiscal ou qualquer ou-
tra panaceia que pretensamente vá salvar a lavoura.
Que o Brasil, em particular o nosso querido Estado do Rio de Janei-
ro, possa se livrar das hienas, antes que elas devorem nossa dignidade e
possibilidade de uma vida digna desse nome. O desemprego crescente
e a decrepitude dos serviços essenciais à população exigem contrapar-
tida vigorosa, com o engajamento da sociedade saudável e a rigorosa
contenção dos setores que cada vez mais lucram vertiginosamente com
a insanidade da estrutura social, com o apetite insaciável do capital fi-
nanceiro – bancos de um modo geral –, do crime organizado e dos se-
nhores de baraço e cutelo. Quem sabe, pode-se começar pelo combate
incessante e civilizado contra a condição de reféns da corrupção e das
outras formas de violência?
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