

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 69, p. 9-13, jun - ago. 2015
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desferidas pelos farristas de todas as formas de violência letal contra a
liberdade e a vida.
Esse inconformismo com a barbárie dos assassinatos em série, mui-
tas vezes cometidos por adolescentes, tem que atuar concretamente em
união da sociedade civil com a imprensa e os Poderes Executivo, Legislati-
vo e Judiciário, despertos de uma letargia que a todos aniquila.
Chega de declarações grandiloquentes e tristemente vazias de
abertura de “rigorosos inquéritos e processos” que, mesmo quando con-
cluídos com êxito, não conseguirão devolver a vida e a integridade de tan-
tas mutilações à nossa volta.
Essas reflexões me vieram a partir de uma carta da zelosa Juíza de
Direito Yedda Christina Chig-San Filizzola Assunção, da 1ª Vara Criminal de
São João de Meriti que, escandalizada com um estado de coisas inadmis-
sível, afirma:
“NÃO, a sociedade não quer redução de pena.
NÃO, a sociedade não quer benefícios despenalizadores.
NÃO, a sociedade não quer recursos sem fim que a nada ser-
vem, senão adiar o cumprimento da pena, na esperança da
prescrição.
NÃO somos juízes da vontade do povo, somos juízes das ga-
rantias, ainda que contra a vontade da maioria, dirão alguns.
Mas que garantias?
Garantia das pessoas que foram amarradas em carros para
assegurar a fuga de ladrões em cidades do interior?
Garantia dos moradores de favela, que não podem andar
onde desejam na hora que desejam e são obrigados a con-
viver com armas e drogas, vendo seus filhos serem aliciados
pelos criminosos?
Garantia da servidora do TJRJ que foi morta porque o carro
deu um “tranco”?
Garantia da menina que foi morta pelo padrasto em Duque
de Caxias?
Garantia do menino que foi morto pelo pai, que “não gostava
muito dele” ?
Garantia da moça morta no réveillon em Belford Roxo?