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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 68, p. 60-79, mar. - mai. 2015

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O incômodo invasor (URSS) fez com que a “diplomacia” americana

montasse uma operação para, de forma indireta, participar do conflito

através das inúmeras células de combate a presença do invasor no terri-

tório afegão. A intervenção, segundo os consultores militares americanos,

deveria ser indireta até mesmo porque o conflito direto apresentava-se

de questionável chance de sucesso, nocivo e de pouca utilidade. Para evi-

tar o conflito direto contra a URSS em campo hostil como o Afeganistão,

os Estados Unidos passaram a ajudar inúmeros grupos de

jihadistas

, quer

com orientação de combate e estratégia militar, quer com o fornecimento

de armas, munições, treinamento e dólares

23

. As diversas organizações,

mesmo secularmente antagônicas, passaram a interagir em razão das

vantagens oferecidas, mas, principalmente, em razão do até então inimi-

go único: os russos.

Os soviéticos deixaram o território invadido em 1989 e Cabul -a

Capital- foi retomada em 92. Não obstante, a normalidade estava longe

de ser alcançada. Em 94 assumiu o poder a organização dos Talibãs,

jiha-

distas

locais e fundamentalistas, ou seja, de formação extremamente

radical. Já nesta altura, no contexto do Oriente Médio, duas grandes

organizações de

jihadistas

ganhavam destaque. A primeira, denomina-

da Maktab AL-khadamat, foi fundada por Osama Bin Laden e Abdullah

Yusuf Azzan, com franco objetivo de combater na guerra causada pela

invasão da até então União Soviética no Afeganistão. A segunda, que

foi um desenvolvimento da primeira, mais famosa, a Al-Qaeda

24

já com

uma visão de combate para além do Afeganistão, liderada por Bin La-

den. Para esta linha de conduta

jihadista

os inimigos não eram exclusi-

vamente os russos, mas, todo aquele que impedisse de alguma forma a

propagação dos ideais de Alá, leia-se, do Islã.

foi inevitável, longo e tenebroso. O embate durou aproximadamente 8 anos e desnudou a importância estratégica

do Oriente Médio para o mundo, principalmente em relação a produção de petróleo, principal fonte de energia. Por

motivação estratégica Saddam Hussein declarou guerra ao Kuwait em 2 de Agosto de 1990. O Estado vizinho era - e

ainda é - grande produtor de petróleo e tinha sido o maior aliado do Iraque na Guerra contra o Irã. Tornou-se seu

maior credor. Dois dias de combate foram o bastante para o domínio total das forças iraquianas. Após 7 meses de

ocupação, os Estados Unidos deflagraram a conhecida “Guerra do Golfo” com grandes combates definidos como

“tempestade no deserto”. O aparato militar eletrônico de última geração definiu a saída do Iraque do solo Kuwaitia-

no. A guerra - até mesmo pela superioridade militar - foi vista como uma afronta direta não ao Iraque, mas, aos Islã.

23 É exatamente esta a tática que atualmente tem sido utilizada pelos americanos para o combate ao Estado Islâmi-

co, ou seja, dando orientação tática, técnica, armamentos e muitos, muitos dólares.

24 O nome Al-Qaeda era usado para identificar determinado campo de treinamento e acabou sendo adotado para

identificar a organização liderada por Bin Laden.