Background Image
Previous Page  68 / 590 Next Page
Basic version Information
Show Menu
Previous Page 68 / 590 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 63 - 75, jan - fev. 2015

68

Daniel Cerqueira averiguou o número oficial de homicídios cometi-

dos no Estado do Rio de Janeiro, de 2007 a 2010, e notou que ele se man-

teve relativamente estável. Entretanto, o número de “óbitos por causa

indeterminada” aumentou. Vale conferir o ano de 2009, com uma quan-

tidade total de oito mil e duzentas e vinte e nove mortes provocadas por

homicídio, sendo que cinco mil e sessenta e quatro óbitos por homicídios

foram oficialmente registrados e três mil cento e sessenta e cinco configu-

raram os “homicídios ocultos”. Nessa linha, destaca-se que o Rio de Janei-

ro representou 27% das mortes violentas provocadas por causas externas

“indeterminadas” em todo o Brasil, mesmo obtendo um percentual de

apenas 8% do equivalente à toda a população do país”

8

Vale conferir a mais antiga fonte de informação sobre mortalidade

do Brasil, o DATASUS, do Ministério da Saúde, que, desde fins de 1979,

registrou, em quase trinta anos, em fins de 2008, um número próximo a

um milhão de homicídios

9

. Segundo Daniel Cerqueira, em estudo do Insti-

tuto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)

10

, o resultado compara-se ao

de países “oficialmente em guerra civil”, como Angola, que levou também

quase trinta anos para chegar à cifra de um milhão de mortos.

Com efeito, consoante Brito, as mortes “acomodaram-se ao funciona-

mento cotidiano do regime democrático em voga no país. Contudo, formam

um painel social tão horripilante que ultrapassa, em termos de média anual,

o somatório de morte dos doze maiores conflitos armados do mundo. Esses

conflitos dizem respeito a: Iraque, Sudão, Afeganistão, Colômbia, República

Democrática do Congo, Siri Lanka, Índia, Somália, Nepal, Paquistão, Caxemi-

ra, Israel e territórios palestinos” (BRITO; VILLAR; BLANK, 2013: 216).

Vale recordar que, em 2011, foram adotadas medidas pelo Governo

estadual, após a comoção causada pela morte do menino de onze anos,

Juan Moraes, por conta de confronto entre policiais e traficantes, emNova

Iguaçu, na Baixada Fluminense, uma vez que o corpo da criança, alvejado

por policiais, somente apareceu uma semana após o crime. Nesse mesmo

ano, seria lançado o plano de acompanhamento de auto de resistência,

que permitiria a adoção de medidas administrativas antes mesmo da soli-

citação de medidas jurídicas.

8 CERQUEIRA, Daniel. “Mortes Violentas não esclarecidas e impunidade no Rio de Janeiro”, Fórum Brasileiro de

Segurança Pública, 21 outubro de 2011, p. 1. Disponível em: <

http://www2.forumsegurança.org.br/files/Mortes-

VioletasNaoEscalrecidaseImpunidadenoRiodeJaneiro.pdf >. Acesso em: junho de 2013.

9 Disponível em

:http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=02.

Acesso em: março de 2012.

10 Disponível em:

http://desafios.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=3552.

Acesso em: março de 2012.