

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 63 - 75, jan - fev. 2015
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países, pelo Poder Público, 676 (seiscentas e setenta e seis pessoas)
15
. No
Brasil, no mesmo ano de 2011, somente no Estado do Rio de Janeiro, as
mortes por autos de resistência atingiram o número de 524 (quinhentas e
vinte e quatro) pessoas. Assim, o somatório de 524 (quinhentos e vinte e
quatro) autos de resistência do Rio de Janeiro com os 400 (quatrocentos)
autos de resistência de todo o país fazem do Brasil a nação que pune mais
à morte extraoficialmente, com 924 (novecentas e vinte e quatro) pessoas
executadas; mais do que os vinte países (salvo a China) que oficialmente
mais aplicam a pena de morte, cujo número de executados atinge a soma
de 676 (seiscentos e setenta e seis) indivíduos”.
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A truculência policial ganhou ainda mais visibilidade a partir do en-
frentamento às manifestações populares, em 2013, quando estudantes
da classe média passaram a ser reprimidos nas ruas. Vale conferir algu-
mas declarações de policiais, como: “pena que aqui na cidade não pode
ser como nas favelas, temos que usar balas de borracha”. Nessa ocasião,
o desaparecimento de um favelado da Rocinha, por policiais da Unidade
de Polícia Pacificadora, tomaria as ruas, as redes sociais, ecoaria como o
“Caso Amarildo”, denotando a violência e a letalidade policial em favelas,
reascendendo a demanda de vítimas, familiares de vítimas e movimentos
sociais, rumo a novos horizontes.
Considerações Finais
Nota-se no contexto do Estado Penal o acirramento das mortes, a
heroicização do BOPE, a expansão das megaoperações, a prática naturali-
zada dos autos de resistência, a proliferação da indústria dos caveirões....
Tudo veiculado pela mídia, na cruel associação entre favelados e trafican-
tes, entre pobreza e criminalidade, o que faz com que as áreas de pobreza
do Estado do Rio de Janeiro tornem-se sempre o grande foco de visibili-
dade. Assim, enquanto a favela é o alvo da repressão, a grande mídia tira,
da mira de sua lente, questões nodais a respeito dos complexos conflitos
sociais, das desigualdades estruturais que marcam nossa sociedade. Com
efeito, fomenta-se nestas zonas cariocas pauperizadas algo que pode ser
caracterizado como Estado de Emergência, de Sítio ou de Exceção global,
15 Vale registrar que, em 2011, nos vinte países que mais aplicam a pena de morte, salvo a China, foram mortas 149
(cento e quarenta e nove) pessoas a mais do que no ano anterior, pois em 2010 foram executados oficialmente 527
(quinhentos e vinte e sete) indivíduos.
16 Disponível em:
http://www.br.amnesty.org/Acesso em: 29 de abril de 2012.