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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, p. 61-77, Setembro/Dezembro 2017

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Ou seja, desde os atentados que atingiram os Estados Unidos em

2001, todo o ordenamento jurídico internacional encontra-se impoten-

te diante da ameaça terrorista, em especial por conta dos instrumentos

convencionais – da era industrial – de que se vale, quais sejam, tratados,

convenções, resoluções etc, bastante inócuos para os tempos atuais – da

era da informação.

O desenvolvimento das redes sociais só agrava tal situação, posto que

nesse espaço os remédios tradicionais são ainda mais inofensivos.

Para desenvolvimento desse tópico, será muito útil a já citada obra

“Estado Islâmico: Estado de Terror”, dos autores Jessica Stern e J.M. Berger,

a primeira, professora da Universidade de Harvard e especialista em terroris-

mo e o segundo, investigador no

Brookings Institution

.

A primeira lição valiosa que se pode tomar de STERN e BERGER é que

27

:

O Estado Islâmico alardeia a sua crueldade e essa prática lite-

ralmente descarada é, talvez, a sua inovação mais importante.

A

exibição pública de barbárie

transmite um sentido de ur-

gência ao desafio que representa e permite-lhe consumir uma

quantidade desproporcional da

atenção mundial

. (Grifou-se)

Em outras palavras, o terrorismo atual, e o Estado Islâmico é sua face

mais conhecida, soube com a exibição pública de suas práticas conquistar a

atenção mundial, como ninguém antes o fizera. A al-Qaeda demorou anos

até ser conhecida pelos governos dos EUA, mas o Estado Islâmico, ao con-

trário, faz tudo para chamar a atenção.

Segundo STERN e BERGER:

Embora seja extremamente importante manter as suas propa-

ganda e atividades nas redes sociais na perspectiva adequada

- nunca ninguém foi morto por um 

tweet

 - é claro que o EI

considera as mensagens como sendo uma das frentes principais

da sua guerra com o mundo, e é também o método principal

pelo qual estende a sua influência para fora do domínio físico.

Os esforços ocidentais para contrariar o EI devem ter em conta

tanto o conteúdo como a distribuição da sua mensagem

28

.

27 STERN, Jessica, BERGER, J. M.,

op. cit.

, p. 270.

28 Idem, 2015, p. 281.