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ARTIGOS

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Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 27, p. 17-24, 1º sem. 2017

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Pense-se no indivíduo, reconhecido biologicamente como sendo do

sexo masculino, mas que psicossocialmente enxergue-se como pertencen-

te à identidade feminina. Dito de outro modo, esse homem, biologicamen-

te, é uma mulher psicossocialmente.

Esse transexual, todavia, pode sentir atração por homens (transexual

heterossexual), mulheres (transexual homossexual), por ambos (transe-

xual bissexual), ser transexual assexuado ou até mesmo revelar-se um

transexual pansexual.

Veja-se que a realidade social mostra episódios absolutamente dis-

tantes dos padrões convencionais, aí se incluindo a premissa, até pouco

tempo inabalável, de que apenas mulheres poderiam engravidar. Na Ar-

gentina, Alexis Taborda casou-se com Karen Bruselario. Seria um casamen-

to convencional, não fosse o fato de que suas identidades não refletem o

gênero a que pertencem pelo critério biológico. Os dois são transexuais,

ou seja, Alexis é biologicamente do gênero feminino, ao passo que sua

mulher Karen é biologicamente do gênero masculino, tendo sido preser-

vadas suas capacidades reprodutivas biológicas. Alexis, assim, engravidou

de sua esposa, dando à luz uma saudável criança, batizada como Genesis

Evangelina.

Nota-se, pela transexualidade, a ausência de correspondência entre

a identidade de gênero do transexual e aquela designada pelo registro pú-

blico, por ocasião do seu nascimento.

É o caso Lili, ocorrido na década de 20, que ganhou notoriedade a par-

tir de 2016 pela (pseudo) cinebiografia “garota dinamarquesa”. Tal enre-

do retrata uma das primeiras cirurgias realizadas em transexual visando à

adequação do fenótipo. Gerda Gottileb precisava concluir a pintura de um

quadro retratando uma atriz vestida de bailarina. Pela ausência da modelo,

solicitou que seu marido Einar colocasse um vestido com saia plissada, sa-

patos altos e meias. Após curta hesitação, o marido aceitou a experiência

que viria a mudar para sempre sua vida e revelaria sua verdadeira iden-

tidade. Passou a vestir-se como mulher em viagens para França e Itália,

apresentando-se publicamente como Lili Ebe.