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ARTIGOS
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Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 16 - n. 1, p. 143-152, 1º sem. 2018
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resultado desse conjunto maravilhoso de circuitos nervosos e sinapses
que fazem do cérebro humano uma dádiva que poderíamos até considerar
como divina. Mas como este não é um texto espiritualista, vamos focar
na racionalidade para avançarmos naquilo que considero essencial dentro
de uma organização humana, seja ela uma empresa privada, estatal, uma
instituição pública, ou um órgão da máquina burocrática governamental.
Qual é o ponto em comum entre todas elas? Todas funcionam a partir
do resultado da
comunicação
entre as pessoas, da comunicação interpes-
soal, assim como da comunicação intrapessoal, que também influencia os
ambientes de trabalho e a interação entre os indivíduos. Somos aquilo que
nossa mente percebe, e se relembrarmos
A Roupa Nova do Imperador
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apesar de ser um conto infantil -, temos uma valiosa contribuição sobre
como os modelos mentais, influenciados pela comunicação no grupo ao
qual pertencemos, interferem em nosso cotidiano e em nossas discussões,
atitudes e omissões.
Os lugares não são apenas lugares, nem as coisas são apenas coi-
sas, como disse o publicitário Ricardo Guimarães, presidente da Thymus
Branding, numa palestra na Universidade Estácio. As coisas são também o
significado das coisas, dos artefatos, dos ritos, dos hábitos e, assim como a
linguagem, evidenciam crenças de um grupo de sujeitos, seja uma empre-
sa, uma tribo, um clube, uma instituição ou um povo inteiro.
As organizações de um modo geral e também todas as entidades bu-
rocráticas funcionam a partir de modelos mentais compartilhados e repe-
tidos, muitas vezes ensinados e retransmitidos aos novos integrantes da
corporação simplesmente pelo comportamento, muito mais do que pela
fala ou pela escrita. Um enorme universo simbólico próprio e único integra
a organização. De acordo com Peter Berger, os universos simbólicos legi-
timam a ordem institucional e social, de modo a permitir que os indivíduos
se localizem a fim de que os papéis sociais se tornem o modo de participa-
ção aceito pelo grupo (Berger & Luckmann, 2009, pg. 132).
Segundo David Brooks, temos um desejo pela fusão, ansiamos pela
harmonia e queremos nos sentir em sintonia com os nossos arredores, bus-
cando modelos mentais internos que se encaixem nos modelos do mundo.