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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 76 - 87, jan - fev. 2015

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A Regra e a Exceção: Uma

Análise entre Resistência e

Repressão Interconectadas

Priscila Pedrosa

Advogada. Mestranda pela Universidade Federal

Fluminense

Fernanda Prates

Doutora em Criminologia pela Universidade de Otta-

wa, Canadá

A repressão nas manifestações: Casos emblemáticos no

Rio de Janeiro sob a ótica da advocacia

Desde junho de 2013 o Rio de Janeiro assiste a diversas manifes-

tações populares. Os relatos de repressão violenta e prisões arbitrárias

aparecem desde a primeira manifestação, realizada em 13 de junho, no

Maracanã (ARIAS, 2013). Nessa data, o manifestante Jorge Luis foi preso,

indiciado por porte artefatos explosivos, autuado no artigo 16 do Estatuto

do Desarmamento. Havia ao menos três testemunhas dispostas a prestar

depoimento que comprovariam que o flagrante tinha sido forjado pelos

policiais militares, mas elas não puderam ser ouvidas na delegacia por

determinação da autoridade policial. Jorge acabou tendo seu pedido de

liberdade provisória negado pelo Judiciário, em primeira instância, sendo

conduzido para o complexo penitenciário Bangu II

1

.

No dia 17 de junho de 2013, data do primeiro grande ato nacional

2

,

grupos de voluntários se organizaram para apoiar a manifestação, entre

eles, a rede de advogados Habeas Corpus – Rio de Janeiro, que contava

com o apoio institucional da OAB-RJ. Nessa noite, a ALERJ – Assembleia

Legislativa do Estado do Rio de Janeiro foi tomada pela multidão, diversas

1

http://www4.tjrj.jus.br/consultaProcessoWebV2/consultaProc.do?v=2&FLAGNOME=&back=1&tipoConsulta=pub

lica&numProcesso=2013.900.013394-2.

2 Em nota, a COPPE-UFRJ divulgou que havia, ao menos, 100.000 manifestantes nas ruas.