Background Image
Previous Page  378 / 590 Next Page
Basic version Information
Show Menu
Previous Page 378 / 590 Next Page
Page Background

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, p. 378 - 408, jan - fev. 2015

378

Processo Penal

Pós-acusatório?

Ressignificações

do Autoritarismo no Processo Penal

Ricardo Jacobsen Gloeckner

Professor do Programa de Pós-Graduação em Direi-

to da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande

do Sul – PUCRS. Doutor em Direito pela Universidade

Federal do Paraná – UFPR. Mestre em Ciências Crimi-

nais, Especialista em Ciências Penais e Coordenador

da Especialização em Ciências Penais da Pontifícia

Universidade do Rio Grande do Sul – PUCRS.

Os Sistemas Processuais Penais: categorias que devem ser

abandonadas?

Um dos grandes problemas quando se trata de estabelecer contor-

nos mínimos relativamente aos ditos sistemas processuais penais consis-

te na polifonia, ou, ainda, na capacidade polimórfica de seus elementos

constituintes, a ponto de em alguns casos, acusatório e inquisitório reme-

terem a discussões profundamente diversas entre si. Notadamente, os

sistemas processuais podem ser concebidos a partir de plúrimas matrizes,

a exemplo do apontado por Langer

1

, que vislumbra nas expressões inqui-

sitório e adversarial conotações que implicam distinções políticas, jurídi-

cas, epistemológicas, sociológicas e assim por diante.

Esta coexistência entre diversas acepções povoam o imaginário

jurídico, que se vê esgotado na tentativa de identificar um sistema abs-

trato que pudesse absorver, de um lado, as características idealísticas co-

mumente apontadas como elementos constitutivos; e, de outro, lutando

para apagar os caracteres inversos ou, ainda, pertencentes à tipologia

sistêmica adversa. Todavia, como se pode perceber, essa tarefa, além de

1 LANGER, Maximo.

"The Long Shadow of The Adversarial and Inquisitorial Categories." In

DUBBER, Markus D; HO-

ERNLE, Tatjana.

Handbook of Criminal Law

. Oxford: Oxford University Press, 2014.