123
R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n. 63 (Edição Especial), p. 115 - 125, out. - dez. 2013
go que é o garoto da favela. Sem dúvida. E vamos acreditar que o único
inimigo e o único problema que temos é o adolescente da favela. E vamos
acreditar que não temos mais nenhum outro problema. E se vemos al-
guém bebendo cerveja na esquina que se assemelha àquele adolescente
da favela, achamos que ele é o criminoso. Acabamos acreditando nisso.
A luta de hoje é uma luta de comunicação, é uma luta de informa-
ção. Se não conseguirmos mudar a informação, democratizar a informa-
ção, pluralizar a informação, estaremos perdidos. Não é que uma socie-
dade seja conservadora, não é que uma sociedade seja suicida. Estamos
agindo segundo uma criação de realidade e a criação da realidade se faz
através da informação. Nós não vivemos todas as coisas. Temos alguma
experiência direta de alguma coisa, mas eu não vivo o que está aconte-
cendo na Síria, não vivo o que está acontecendo na Europa. Só sei porque
sou informado, mas essa informação é criação de realidade. É uma janela,
mas não é exatamente uma janela: é uma janela em que cada um escolhe
o que vai mostrar e como vai mostrar. Com todas as armadilhas da infor-
mação, sabem como mostrar. E a televisão tem a grande vantagem de
mostrar a imagem. Mostrando a imagem, eu acredito que tenho o filme.
Mas não tenho o filme. Estão me mostrando um pedacinho do filme, o
que eles escolheram para mostrar. Não sei como se chama aqui, mas no
meu país se chama “filme continuado”. Você estava chegando e o filme
já tinha começado: não tenho condições de ver como começa o filme ou
como acaba o filme; eles é que estão escolhendo.
A luta deve ser feita fundamentalmente no âmbito da comunica-
ção. Nesse âmbito, temos que destruir uma criação da realidade para nos
aproximarmos mais da realidade. Por enquanto, o maior problema da
droga continua a ser a proibição. Muito obrigado.
Delegado Orlando Zaconne:
Estamos chegando ao final do 1º Seminário da LEAP BRASIL. An-
tes de passar a palavra ao Des. Sergio Verani que, como Diretor-Geral da
Escola da Magistratura, deve, com certeza, encerrar esse nosso primeiro
encontro, eu gostaria de fazer alguns agradecimentos rápidos, mas im-
portantes, dentro do espírito que nos norteou nesse primeiro seminário.