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TRANSCRIÇões

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Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 22, p. 11-89, 1º sem. 2015

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a essas pessoas o imóvel em condições iguais. Foi mais ou menos a minha

ideia ali em Santa Cruz; eu vi um caso pontual, daí a importância da oralida-

de que a Ana está falando.

A importância do Juiz estar ali na frente da audiência. Isso eu entendo

que é um exemplo bem satisfatório. Muito obrigado.

Des. Ana Maria

– Obrigada, Dr. Antônio. Eu não sei se tem mais al-

guém, mas... Ontem a Desembargadora Gilda, numa sessão de julgamen-

to, ficou com medo que eu caçasse a palavra; eu ainda estou com a minha

sanidade mental em forma, não vou caçar a palavra de ninguém, muito

menos de um desembargador e vou fazê-lo, agora. Antes que ela diga, as-

sim, posso falar? Claro que pode falar, a tarde inteira, não tem o menor

problema. Eu estou brincando.Prazer em ouvir a senhora.

Des. Gilda Carrapatoso

– Boa tarde a todos, parabéns pelo evento.

É, eu faço parte, também do Fórum e tenho, assim, uma grande admira-

ção pelo trabalho da Desembargadora Ana que já vem atuando há muitos

anos, junto com a Desembargadora Cristina Gaulia, um grupo que se for-

mou numa determinada ocasião. O que eu ia ressaltar, na verdade, é o que

a Desembargadora Ana falou. Nós vivemos num país de 300.000.000 de

habitantes, sem cultura, com fome, ignorante, sem água, sem nada, nós

não podemos comparar com, vamos dizer, a França, que é do tamanho de

São Paulo ou da Bahia, onde as pessoas todas têm 3º grau, 4º e 5º enquanto

que aqui, 20% da nossa população, talvez, tenham 2º grau; 4º grau nem 1%.

Então, eu entendo que não podemos usar Capeletti, Calamandrei, não sei

quem, porque isso foi um momento histórico, um momento sociológico,

totalmente, diferente de nós.

A nossa realidade aqui no Brasil, quer dizer, o Código do Consumidor,

ele veio despertar esse gigante adormecido consumidor, porque é a única

forma de uma pessoa poder, assim, reivindicar alguma coisa, além de tra-

balhar, ganhar R$800,00 de salário mínimo comparado com os 1.000 euros

de um salário mínimo na Europa por causa do Mercado Comum Europeu;

lá as pessoas não sabem o que é fome e nem sabem o que não é ter água.

Então, eu acho que toda nossa partida tem que ser desse ponto de vista, fi-

losófico, sociológico, psicológico e histórico. Eu sou professora de história,