Previous Page  112 / 212 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 112 / 212 Next Page
Page Background

u

ARTIGOS

u

u

Direito em Movimento, Rio de Janeiro, v. 16 - n. 1, p. 110-142, 1º sem. 2018

u

112

Antônio Ribeiro Lopes nega que o brocardo

mínima non curat praetor

é o

predecessor básico do moderno Princípio da Insignificância, alegando que

o brocardo supramencionado aplicava-se tão somente ao Direito Civil

2

.

Ainda que não expressamente, são encontradas referências implíci-

tas na Declaração dos Direitos do Homem de 1789, como a presente no

art. 5º: “A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não

é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido

a fazer o que ela não ordene”

3

. Tal artigo evidencia que somente as ações

realmente graves devem ser proibidas pelo Estado, o que denota o sentido

fragmentário da Declaração em epígrafe

4

.

A origem e evolução histórica do Princípio da Insignificância sempre

estiveram ligadas ao Principio da Legalidade, garantindo a liberdade indivi-

dual no Estado Democrático de Direito

5

.

Com o Iluminismo e a consequente propagação do individualismo

político e desenvolvimento do princípio da legalidade, houve um estudo

mais sistematizado do Princípio da Insignificância, originando-se na preco-

nização da limitação do poder do Estado, onde somente haveria ilicitude

naquilo que a lei proibia, devendo os juízes serem submissos à lei penal

6

.

Após as I e II Grandes Guerras, houve um aumento considerável de

furtos de objetos e valores irrelevantes, em decorrência da crescente mi-

séria, desemprego e falta de gêneros alimentícios. Tais ilícitos foram cha-

2 LOPES, Maurício Antonio Ribeiro.

Princípio da Insignificância no Direito Penal

: Análise a luz da lei 9099/95 –

Juizados Especiais Criminais e da Jurisprudência atual. São Paulo: RT, 1997, p. 37-38

3 Universidade de São Paulo. Declaração de direitos do homem e do cidadão - 1789. Disponível em: <http://www.

direitoshumanos.usp.br

>. Acesso em 02 de setembro de 2017.

4 LOPES, Maurício Antonio Ribeiro.

Princípio da Insignificância no Direito Penal

: Análise a luz da lei 9099/95 –

Juizados Especiais Criminais e da Jurisprudência atual. São Paulo: RT, 1997, p. 38.

5 Maurício Antonio Ribeiro Lopes.

Princípio da Insignificância no direito penal

. São Paulo: Revista dos Tribunais.

2000. p. 44.

6 SANTOS, Mauricio Macedo.

Análise do Princípio da insignificância após a edição da Lei 9.099/95

. Disponível

em

<http://www.ibccrim.org.br/

>. Acesso em 24 de agosto de 2017.