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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



“A cada nove minutos uma pessoa é assassinada no Brasil”, diz a major PM Orlinda de Moraes, em encontro sobre o discurso do ódio

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O Atlas da Violência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) foi citado em vários momentos durante o encontro “O Discurso do Ódio e a Segurança Pública no Brasil”, na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, no dia 14 de agosto. Os dados se referem ao ano de 2015 e revelam que houve 59.080 homicídios no país naquele ano.

“Na verdade, nós não negamos só o ódio. Nós negamos que o ódio esteja dentro de nós mesmos”, ressaltou a major PM Orlinda Cláudia Rosa de Moraes. Ao falar das estatísticas da violência, a major lembrou que não podemos nos acostumar com o grande número de vítimas, pois, junto a cada vítima, existem pessoas que têm a vida destruída pela perda violenta de um ente querido. “Para lidar com a estatística é preciso ter empatia”, disse a major. “A cada nove minutos uma pessoa é assassinada no Brasil. Quantas terão morrido enquanto estamos neste evento? ”, indagou.

O seminário, promovido pelo Fórum Permanente de Segurança Pública e Execução Penal da EMERJ, trouxe magistrados, psicólogos, professores e especialistas que, durante todo o dia, debateram temas como violência contra a mulher, a questão GLBT, as mortes violentas e o racismo.

“A cor, a raça influenciam em diferentes áreas. Uma pesquisa do IBGE, de 2011, revelou que o mercado de trabalho está no topo da lista de discriminação e preconceito, seguido pela segurança pública”, ressaltou a jornalista Flávia Oliveira. Ela também citou índices de segurança pública e os dados do IPEA, referindo-se à questão racial. “No Brasil, em 2015, 54% dos homicídios no Brasil foram de jovens de 15 a 29 anos. Três, em cada quatro, eram negros. Flávia Oliveira ainda lembrou que o discurso de ódio e discriminação é muito divulgado pelas redes sociais.

“O racismo, assim como outras formas de discriminação, está se transformando perigosamente em discurso político. E nós, não só o Judiciário, mas todos, temos que impedir que esse discurso de discriminação de minoria se transforme em discurso de afastamento de minorias”, ressaltou o desembargador Alcides da Fonseca Neto, presidente do Fórum. “Aqui, no Judiciário, precisamos reconhecer sobretudo que o racismo existe. Esse é o primeiro passo. A partir daí, é necessário dar a ele o tratamento que merece, o tratamento de expurgá-lo”, concluiu o desembargador.

“A Cultura do Ódio contra as Mulheres” foi o tema da palestra da juíza Adriana Ramos de Mello, titular do Primeiro Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Capital. “Em 2016, aumentou em 10% o número de mulheres assassinadas em relação ao ano anterior. Foram 396 vítimas só no Rio de Janeiro”, disse a juíza. “A injustiça e a impunidade geram o ódio nas pessoas, geram a busca da justiça pelas próprias mãos. Não adianta um Plano Nacional de Segurança se não investirmos no básico: a educação; se não discutirmos igualdade de direitos, igualdade de gênero. Segurança pública, educação e saúde são direitos humanos”, concluiu a juíza.

A delegada titular da Delegacia de Atendimento à Mulher, do Centro, Gabriela Von Beauvais da Silva disse que, hoje, o estado do Rio de Janeiro tem 14 delegacias especializadas para o atendimento a mulheres (DEAMs), mas é preciso que os policiais de todas as delegacias estejam treinados para receber a essas vítimas, inclusive as mulheres trans. A delegada ressaltou que as mulheres precisam conhecer os seus direitos. “Conhecimento é poder. Você não tem como exigir os seus direitos se você não souber que os tem”, destacou a delegada.

15 de agosto de 2017

Fonte: Assessoria de Comunicação Institucional da EMERJ