Fechar

Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



O rabino Nilton Bonder fala sobre fraternidade no programa Sextas na EMERJ – Biblioteca – A Palavra é


O rabino Nilton Bonder fala sobre fraternidade no programa Sextas na EMERJ – Biblioteca – A Palavra é
clique na imagem para ampliar

“A Revolução Francesa é importantíssima para a nossa sociedade, mas antes dela nós já tínhamos a proposta de amar ao próximo como a si mesmo. Essa noção propõe igualdade e empatia, que é a base da fraternidade para todo mundo ocidental”, afirmou Nilton Bonder, o convidado da 10ª edição do programa Sextas na EMERJ - Biblioteca. O encontro ocorreu na última sexta-feira, dia 16, via Instagram oficial da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), @emerjoficial.


O evento foi apresentado pela diretora-geral da EMERJ, desembargadora Cristina Tereza Gaulia, doutora em Direito pela Universidade Veiga de Almeida (UVA/RJ). A palavra-chave desse encontro foi fraternidade.


Bonder é doutor em Literatura Hebraica pelo Jewish Theological Seminary, rabino da Congregação Judaica do Brasil e escritor. Ele se destacou internacionalmente como um dos maiores intérpretes literários da antiga sabedoria judaica e como um ativo defensor e promotor do ecumenismo religioso. Já publicou mais de vinte livros, entre eles, o livro A alma imoral, que deu origem à peça homônima interpretada por Clarice Niskier.


“Nós somos conduzidos por uma cultura que nos torna cegos em relação ao que nós estamos plantando para os nossos filhos, que é basicamente o interesse em si mesmos. Já a fraternidade é a descoberta de que o outro é igual a você, não pelos direitos e deveres, mas pelo amor que você tem a sua própria vida, pelos amores que cercam a sua existência. Assim você projeta para o outro, isso cria fraternidade”, disse Nilton Bonder.


No programa, o tema autoconhecimento também foi debatido. A desembargadora Gaulia perguntou: “É preciso que acreditemos em um Deus externo para sermos melhores, mais compassivos, ou seja, para ficarmos mais próximos do outro de modo a coexistir? Ou devemos descobrir um Deus interior que promova esse caminho para o autoconhecimento? Essa é uma questão muito presente no mundo atual, pois as pessoas estão colocando esse caminho do autoconhecimento na fé, num Deus exterior. Isso é verdade? É necessário? Ou podemos fazer essa trilha do autoconhecimento sozinhos?”.


Nilton Bonder revelou: “Esse nosso Deus tem os atributos que nós somos capazes de enxergar nele, é um reflexo de quem nós somos. Talvez, uma pessoa que tenha condutas que são brutas tenha um Deus grosseiro que aceite certas coisas que ficamos surpresos. Deus tem uma função no ser humano que é, justamente, ajudar o ser humano a não ser aprisionado pelo seu próprio ego, ou seja, sua própria pessoa”.


“O que acontece conosco é que temos uma potência e uma chaga, ao mesmo tempo. A nossa consciência, a nossa capacidade de apreciar o mundo em nós mesmos é uma construção que nenhuma outra espécie tem. Deus é a presença na nossa vida que nos faz lembrar constantemente que a realidade não é sobre nós, a realidade não foi criada para o Nilton, o Nilton Bonder é parte de uma realidade. Então, não é que precisamos de uma religião, mas a função de Deus é relacionar o ser humano com o seu propósito”, concluiu o rabino.


A diretora-geral da EMERJ, Cristina Gaulia, questionou sobre a importância dos rabinos terem uma formação profissional paralela aos estudos judaicos: “A questão do rabino ter uma profissão tem a ver com ele saber melhor quais são as dores, as dificuldades e a vida real das pessoas a quem ele se dispõe a ensinar?”


“Com certeza, a tradição judaica já teve uma organização mais clerical no passado. Os rabinos representam uma reforma, uma mudança, num sistema mais antigo. O nome rabino quer dizer mestre, portanto, eles tinham que estar imersos na vida real, inclusive na dimensão do casamento, em que alguns eram obrigados a constituir família e a ter uma profissão para que eles pudessem participar da realidade da sua comunidade. O rabino não é um intermediário entre Deus e as pessoas, e sim, simplesmente um mestre. Era importante que eles tivessem uma profissão, para que não tirassem o seu sustento diretamente do uso dessa sabedoria que pertence a todos”, disse Nilton Bonder.


O Sextas na EMERJ – Biblioteca – A Palavra é faz parte do projeto de revitalização da Biblioteca TJERJ/EMERJ Desembargador José Carlos Barbosa Moreira. A cada edição um magistrado do Poder Judiciário entrevista uma personalidade da sociedade civil que se destaca em determinada área.


Para assistir à entrevista na íntegra, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=snHDLOoBgcY&t=1886s


Foto: Rosane Naylor.




19 de julho de 2021


Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)