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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



No Dia Internacional da Mulher, uma roda de conversa na EMERJ apresenta dados alarmantes de violência


No Dia Internacional da Mulher, uma roda de conversa na EMERJ apresenta dados alarmantes de violência
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“O Dia Internacional da Mulher é um dia de luta pelas mulheres trabalhadoras, assim nasceu a data. Hoje, a luta é contra a violência doméstica e familiar que atinge todas as mulheres, mas principalmente aquelas que estão em relações de afeto. Essa pauta se tornou muito necessária, pois a cada duas horas morre uma mulher vítima de feminicídio. A cada dois minutos uma mulher é agredida, lesionada, desqualificada, humilhada. Segundo dados da ONU, o Brasil ocupa a 5ª posição global de assassinato de mulheres. A situação que vivemos é algo que nos apavora e que faz todas as mulheres sofrerem, pois onde sofre uma mulher, sofrem todas”, disse a diretora-geral da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), desembargadora Cristina Tereza Gaulia, na abertura da “Roda de Conversa – EMERJ mulher”, realizada na manhã desta segunda-feira, dia 8, via Zoom e YouTube.


Durante sua fala, a gestora pública Bianca Lopes, subcoordenadora de Atenção à Saúde dos LGBTQ+ do Estado de Goiás e mestranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Goiás, apresentou-se como mulher trans e chamou a atenção para a posição do Brasil em pesquisas referentes ao assassinato de pessoas trans


“Segundo a Transgender Europe, uma ONG internacional que faz um mapeamento e acompanha toda a questão envolvendo direitos humanos da população trans, mais uma vez o Brasil ocupa o 1º lugar no mundo entre os países que mais matam pessoas trans. Vergonhosamente estamos nessa liderança por mais de sete anos, com um distanciamento discrepante para o 2º lugar. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) realiza, desde 2008, um dossiê que acompanha toda a violência contra pessoas trans no Brasil e, em 2020, foram mortas 175 mulheres trans e travestis no país”, disse


“Devemos promover, através de ferramentas e aplicativos, a aproximação da sociedade com a Justiça, com programas e rodas de conversa como a de hoje, trazendo mulheres para nos dizer o que elas precisam e o que nós precisamos melhorar. Para mim, a formação judicial em gênero é a chave mestra para uma Justiça mais igualitária e emancipatória para todas as pessoas, sobretudo para mulheres que ainda encontram barreiras e obstáculos que impedem o acesso à Justiça, fruto da discriminação e preconceitos presentes no Brasil”, comentou a juíza Adriana Ramos de Mello, presidente do Fórum Permanente de Violência Doméstica, Familiar e de Gênero, mestre em Direito pela Universidade Cândido Mendes e em Criminologia pela Universidade de Barcelona, e doutora em Direito Público e Filosofia Juridicopolítica pela Universidade Autonoma de Barcelona


O desembargador Wagner Cinelli, mestre em Política Criminal na London School of Economics and Political Science, autor do livro “Sobre Ela: uma história de violência” e do curta-metragem - exibido no encontro - “Sobre Ela”, premiado no New Wave Short Film Festival, em Munique, na Alemanha, afirmou: “Essa luta é urgente, já perdemos muito tempo. Temos que fazer o máximo que pudermos para trabalhar na prevenção e nos mecanismos que impeçam a violência. Essa luta é de toda uma sociedade, de todos que estão dentro dela. Há mulheres que ainda não acordaram para essa problemática, e precisamos que todos estejam unidos na luta, para diminuir a distância que temos. Precisamos empoderar as mulheres, para que se posicionem cada vez mais”


No final do evento, a desembargadora Cristina Gaulia, que também é presidente do Fórum Permanente de Direiro Constitucional, Administrativo e de Políticas Públicas Miguel Lanzelotti Baldez, anunciou que, a partir de hoje, todos os juízes(as) do Estado do Rio de Janeiro que trabalham direta ou indiretamente com o tema da violência doméstica contra a mulher, receberão de presente da Escola, pelo mês da mulher, um exemplar do livro do desembargador Cinelli “Sobre Ela: uma história de violência.


O evento faz parte de um dia de homenagens na Escola, que às 19h exibirá a peça “Por Elas”, via YouTube, em seu canal oficial, que aborda a realidade de mulheres brasileiras que sofrem violência na relação com seus parceiros e as dificuldade psíquicas, jurídicas, familiares, sociais e culturais para conseguirem romper com o “ciclo de violência”. A trama, de autoria da Silvia Monte e Ricardo Leite Lopes, tem como objetivo primordial provocar a reflexão e cooperar para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e do feminicídio na sociedade brasileira.


Durante o encontro foi exibido o vídeo “Mosaico da violência contra as mulheres – Brasil”, produzido pela EMERJ. O vídeo mostra histórias de mulheres vítimas de feminicídio e de mulheres trans vítimas de transfobia. Para assistir a todo o evento evento “Roda de Conversa – EMERJ Mulher”, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=mzwQd-ym9NE&ab_channel=Emerjeventos



08 de Março de 2021


Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)