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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



“Conversas com a Juíza” debate a importância da comunicação e do planejamento para o combate à pandemia


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“Não se faz ciência sem comunicação, não se exerce cidadania sem comunicação, não se controla uma crise sanitária sem uma boa comunicação”, afirmou a bióloga Natalia Pasternak no webinar do Fórum Permanente de Biodireito, Bioética e Gerontologia da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ). Pasternak é doutora em Microbiologia pela Universidade de São Paulo, especialista em Genética Molecular, presidente do Instituto Questão de Ciência e pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédica da Universidade de São Paulo.


O Fórum promoveu a terceira edição do Ciclo de Palestras “Conversas com a Juíza” e debateu o tema “Pandemia, Responsabilidade Social e Saúde Pública” na manhã do último dia 18, por meio das plataformas Zoom e YouTube. O evento contou com tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).


A presidente do Fórum, juíza Maria Aglaé Tedesco Vilardo, doutora em Bioética, Ética aplicada e Saúde Coletiva em associação da UERJ, UFRJ, UFF e Fiocruz conduziu o evento.


A bióloga Natalia Pasternak acredita que a falta de campanhas informativas impede que o Brasil avance no combate à Covid-19: “Por que depois de quase um ano e meio nós ainda temos dificuldade para implementar as medidas mais básicas de prevenção, medidas que foram implementadas com sucesso em outros países? O Brasil até hoje tem muita dificuldade de mudar o comportamento da sua população para que a população, justamente entendendo essa cidadania que nós deveríamos exercer, colabore com as políticas de prevenção da pandemia. Isso realmente é fruto da falta de campanha informativa, falta de conscientização, falta de falar com a sociedade”.


A médica Claudia Burlá perguntou à bióloga sobre os riscos de ultrapassar o tempo de vacinação por falta de vacinas do mesmo fabricante da primeira dose. Claudia Burlá é doutora em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e especialista em Geriatria pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, membro do Fórum e criadora do aplicativo “Minhas Vontades”.


A doutora em Microbiologia Natalia Pasternak respondeu: “Tem muita gente com atraso na segunda dose, a primeira coisa importante a dizer é que o atraso em si para a resposta imune não faz diferença, não tem problema atrasar. Quando nós calculamos esse regime de dose, geralmente calculamos o regime que vai dar a melhor resposta possível no menor intervalo, porque sabemos que o menor intervalo dará o melhor resultado, na prática. Um intervalo de seis meses não é um bom intervalo para um regime vacinal, pois as pessoas vão esquecer, não vão voltar e vai demorar mais tempo para completar o regime”.


A bióloga conclui: “O atraso não tem problema para a pessoa. Individualmente a pessoa não está perdendo resposta imune, mas tem que tomar a segunda dose, ela não pode não existir. Se existe uma perspectiva de não vir a segunda dose, a recomendação é tomar outra, melhor do que não tomar um reforço, mas isso é realmente a última opção. Isso tudo acontece por uma falta de planejamento”.


A acadêmica em medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gabriela Giannini de Souza, relatou sua experiência em ser voluntária na campanha de vacinação contra a Covid-19 e ressaltou a questão mencionada pela bióloga sobre a falta de informação sobre a doença: “Nós víamos pessoas com muita desconfiança querendo ver todas as etapas. Houve muitos problemas nessa vacinação e é muito triste, pois isso coloca a população contra os profissionais que estão trabalhando em prol da população. Ás vezes parecia que era o dobro do cansaço estar trabalhando ali e ter que ficar explicando tudo a cada momento, isso cansa muito, apesar de ser importante essa comunicação”.


Ainda falando sobre a relevância da comunicação na pandemia, a bióloga Natalia Pasternak ressaltou: “É muito ingênuo achar que você consegue fazer lockdown com o poder de polícia, você só consegue fazer lockdown com uma boa comunicação com a sociedade, porque isso precisa ser feito de forma voluntária e requer uma comunicação efetiva com a sociedade, que nunca foi implementada no Brasil”.


Ao final do evento, a presidente do Fórum, juíza Maria Aglaé Vilardo perguntou à estudante Gabriela de Souza sobre a importância do ensino público.


“Neste momento fica evidente a importância da universidade pública enquanto base da ciência no país. Nós vimos que os últimos avanços da ciência neste último ano, tão dramático, vieram das universidades públicas. Eu posso falar da UFRJ que é onde tenho mais contato e aplica o ensino junto à ciência e à assistência, porque nós temos os hospitais e os locais de atendimento. O Centro de Testagem da UFRJ vem trabalhando desde março do ano passado, incansavelmente, fazendo testagem e pesquisa em Covid, e tem sido um trabalho incrível. Esse trabalho é um exemplo do que a UFRJ e outras universidades têm a oferecer para a comunidade, temos que valorizar isso”, disse a estudante de medicina da UFRJ, Gabriela Giannini.


No último dia 12, a UFRJ publicou que pode suspender várias atividades a partir de julho por causa do bloqueio no orçamento feito pelo Governo Federal. A instituição de ensino é a maior universidade do Brasil e a segunda melhor da América Latina, segundo o levantamento feito pelo Conselho Superior de Investigações Científicas, maior órgão público de investigações da Espanha. A matéria sobre a posição da universidade no ranking das melhores da América Latina foi publicada em fevereiro deste ano no portal de notícias G1.


O evento contou com a participação da juíza Maria Cristina Barros Gutiérrez Slaibi, vice-presidente do Fórum Permanente da Justiça na Era Digital da EMERJ. Os webinários da Escola são gratuitos e ficam disponíveis para serem acessados no canal do YouTube “Emerj eventos”. Para assistir a esse encontro, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=QELVeHenfzE&t=3016s


Matéria sobre a suspensão de atividade da UFRJ por falta de verba: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/05/12/ufrj-so-tem-verba-para-custeio-ate-julho-e-pode-fechar-predios-e-desativar-servicos.ghtml


Matéria sobre a UFRJ ser a melhor universidade do Brasil: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/02/09/ufrj-e-apontada-como-a-melhor-instituicao-de-ensino-superior-do-brasil-por-estudo-espanhol.ghtml


18 de maio de 2021


Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)