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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



Fórum Permanente de Direitos Humanos promove reflexão sobre o capitalismo


Fórum Permanente de Direitos Humanos promove reflexão sobre o capitalismo
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“Gostaria de fazer um acréscimo ao título do evento e incluir a palavra ‘mais’, ou seja, o ‘lado mais cruel do capitalismo’. É uma correção que é necessária diante do quadro brasileiro que vivenciamos”, disse o presidente do Fórum Permanente de Direitos Humanos da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), desembargador Caetano Ernesto da Fonseca Costa, na abertura do Webinar “O lado cruel do capitalismo: assimetrias e desigualdades”.


O encontro foi promovido em parceria com o Instituto Joaquín Herrera Flores e foi transmitido pela plataforma Zoom e também pelo YouTube. Participaram, além do magistrado, as professoras Maria José Dulce e Gisele Ricobom, e o professor Manuel Eugenio Gándara Carballido.


A professora Maria Dulce respondeu a uma pergunta que é feita com frequência nos dias atuais: a pandemia mudará a sociedade?


“Todos se perguntam como será o mundo depois da pandemia, se vamos sair melhores ou piores, e se o lado cruel do capitalismo vai desaparecer. Não sou pessimista, mas creio que o mundo não vai mudar. Estamos passando por uma crise muito forte, mas quando isso passar, tudo seguirá normalmente. A crueldade do capitalismo vai continuar, e a pandemia acelerou alguns elementos já existentes”, disse.


Seguindo a mesma linha de ideias, o professor Eugenio Carballido apontou dados sobre a desigualdade social no Estado do Rio de Janeiro e os correlacionou com o aumento da letalidade da doença.


“Apareceu em uma revista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) chamada Metaxy um documento, produto de uma busca realizada por pesquisadores da própria instituição, no qual foi identificado que a letalidade do vírus, quando as pessoas já estão infectadas, no Leblon, é de 2,4%, enquanto que no Complexo de Favelas da Maré, do outro lado do extremo socioeconômico, chega a 30,8%. Isso é desigualdade. O acesso à saúde e a possibilidade de atender à doença é menor. Em um único estado, no Rio de Janeiro, vemos a desigualdade e a diferença no acesso a condições de atendimento”, explicou.


E completou, com a afirmação de que o capitalismo precisa da desigualdade: “A cada ano que passa, a desigualdade vai se aprofundando na sociedade. Os ricos ganham cada vez mais dinheiro, enquanto o grupo de excluídos no mundo é maior. A desigualdade é sistêmica e estrutural; portanto, o capitalismo precisa da desigualdade para se manter”.


“O capitalismo não promove a justiça social. Quando falamos sobre desigualdade, temos por pressuposto a ideia de que o sistema capitalista não é o adequado para a promoção da justiça social, pois a razão do capital é o lucro, não as pessoas. Quando falamos sobre o lado cruel do capitalismo, temos que entender que a estrutura do capitalismo é promotora da desigualdade e injustiça social”, comentou a professora Gisele Ricobom.



23 de junho de 2020