EMERJ

Conversa com chargista discute humor, política e liberdade de expressão

"A tradição das charges é criticar o opressor, o poder. O humor desenhado na charge nunca é uma ferramenta para bater no oprimido. E é esse o meu critério", ressaltou Renato Aroeira, convidado do desembargador André Andrade, diretor-geral da EMERJ, para a live "Bate-Papo com o Diretor" desta sexta-feira, 19 de junho.

O chargista, caricaturista e músico Renato Aroeira ficou em evidência nas manchetes dos jornais e nas redes sociais desde segunda-feira (15/06), quando André Mendonça, ministro da Justiça e Segurança Pública, pediu, baseado na Lei de Segurança Nacional, que ele fosse investigado por retratar o presidente Jair Bolsonaro numa charge. A ilustração exibe o presidente da República e faz alusão à suástica nazista. A charge é uma crítica à declaração do presidente que sugeria uma invasão aos hospitais para a verificação de falta de leitos em função da pandemia.

"O princípio da liberdade de expressão serve para garantir as opiniões controvertidas. Faz parte do princípio da liberdade de expressão, o direito de manifestar posições que vão ofender. Todas as tradições jurídicas das democracias do mundo - e do Brasil - são no sentido de garantir a liberdade de expressão humorística, desde a época de D. Pedro", pontuou o desembargador André Andrade.

"Eu tenho tanta confiança nas minhas ideias, que eu posso embater qualquer outra ideia que defenda a exploração do homem pelo homem, o poder branco, o fechamento para os imigrantes. E eu acredito na liberdade de expressão como um meio e um fim, porque, na verdade, a liberdade de expressão é sempre reprimida pelo poder, por ser a voz de quem está por baixo da sociedade", disse o chargista.

"Minha utopia é que as pessoas conversem. Tudo deve e pode ser resolvido com a conversa, com argumentos, com a ciência. As ciências sociais são justamente a consciência de tudo", concluiu.

Assista o bate-papo na íntegra em: https://www.youtube.com/watch?v=TquamehrIi0

19 de junho de 2020