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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



Mesa redonda debate o filme “21 – Mão na Cabeça” após exibição do longa no auditório da EMERJ


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Uma ficção baseada em fatos reais com personagens que viveram a tragédia na época. O filme retrata além da história da chacina, como ela atingiu pessoas comuns”. A declaração é do diretor do longa"21 - Mão na Cabeça", Milton Alencar Jr., que participou do encontro na EMERJ, na noite desta terça-feira, 03 de setembro.

Foi a segunda vez que o filme foi exibido. A estreia do longa aconteceu no final de agosto na cidade de Cabo-Frio. Ainda com caráter inédito, o diretor pontuou o propósito de exibir o filme em uma escola de magistratura: “É um filme do sistema brasileiro. Como o sistema brasileiro enxerga um fato da história do Brasil. Trazer este filme para a EMERJ é uma oportunidade de ajudar a magistratura a interpretar determinados fatos. No filme se fala de uma justiça ampla. É isso que se busca”.

O evento foi promovido pelos Fóruns Permanentes de Direito Penal e Processual Penal e de Direito, Arte e Cultura, presididos pelo desembargador José Muiños Piñeiro Filho e pela juíza Andréa Maciel Pachá, respectivamente.

Após a apresentação do filme, em uma mesa redonda, foram debatidos aspectos do filme e da chacina de Vigário Geral, que deixou 21 mortos, em 1993. O desembargador José Muiños Piñeiro Filho, que foi promotor de Justiça do II Tribunal do Júri à época da Chacina de Vigário Geral, e o desembargador Luiz Noronha Dantas, que presidiu julgamentos do Tribunal do Júri dos policiais envolvidos na chacina, contaram detalhes da história.

“Fato longe no tempo, mas muito real. É, sem dúvidas, um exercício de força e fé assistir ao filme, que tem por base a chacina de vigário geral”, disse o desembargador José Muiños Piñeiro Filho, que é interpretado no filme pelo ator André Gonçalves.

“O que vimos na tela é inspirado na realidade, e essa realidade consegue ser muito mais dolorosa e intensa. O que nos dá uma angústia muito grande. Até onde a gente suporta viver numa sociedade em que é possível ser vitimado por uma violência dessa natureza, que é a violência do estado, talvez a violência mais perversa. Que tipo de reação e reposta podem vir quando o próprio sistema não consegue responder a essa violência?”, indagou a juíza Andrea Pachá, após assistir ao filme.

A magistrada falou sobre o sentimento de vingança trazido pelo filme e elogiou o trabalho do diretor Milton Alencar Jr.: “Ele conseguiu transformar a dor em arte. Isso é importante para afirmação da nossa humanidade. É onde transcendemos”.

Participaram também do debate, o procurador de Justiça Luiz Sérgio Wigderowitz, e a presidente da Associação dos Familiares e Vítimas da Chacina de Vigário Geral, Iracilda Toledo Siqueira – que perdeu o marido na chacina. Estavam na plateia familiares das vítimas.


04 de setembro de 2019