

R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 78, p. 214-226, Janeiro/Abril 2017
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Em visita ao evento Circuito Startup – Rio, constatamos que o dis-
curso padrão é: não estamos preocupados em registrar nossa tecnologia ou
processo inovador. Queremos que outros usem, porque também utilizamos
os dos outros.
Desse modo, resta evidente que falta conhecimento sobre como um
registro de uma tecnologia pode não só proteger o produto, como gerar
desenvolvimento econômico para todos os envolvidos na cadeia produtiva:
pesquisador (universidade), Estado (órgão de fomento) e empresário.
6. PRECISAMOS DE UMA POLÍTICA EDUCACIONAL EM VEZ
DE LEI
No livro “Estado Empreendedor”, Mariana Mazzucato demonstra
como é importante a conexão entre os atores do setor: Universidade, Estado
e Empresário. Por meio de casos concretos, a autora deixa claro a importân-
cia de uma política séria não só de propriedade intelectual, mas de todo um
ambiente propício para inovação e, por conseguinte, novos negócios.
Na Índia, que até 1947 ainda era colônia da Grã-Bretanha, estabeleceu
um marco legal em 2013 em que foi estimulado o entrelaçamento entre setor
público e privado e órgãos governamentais de ciência e tecnologia. Por sua
vez, por consequência lógica, as Universidades se fortaleceram, ao passo que,
em 2011, o Presidente indiano previu a abertura de cerca de 14 Instituições
de Ensino focadas em inovação.
A ampliação de política educacional para que as Universidades for-
mem empreendedores, como faz a Argentina
9
, ou que seja estimulado o
ambiente inovador, ocasionará um ecossistema empresarial melhor, e por
conseguinte, o órgão estatal mais próximo para incentivar, mas, também,
para se beneficiar, configura a “Tripla Hélice”, termo criado por Etzkowitze
e Leydesdorff para se referir a essa relação dinâmica.
Atrelado a isso, normas sérias, de fácil compreensão e de uso sobre
propriedade intelectual, garantiria que esses incentivos à inovação custeados
pelas empresas nacionais e corporações multinacionais e o Estado, não se
perdessem, como acontece hoje em dia com as tecnologias desenvolvidas
nacionalmente
10
.
9 A UBA – Universidade de Buenos Aires ocupa atualmente a 30ª posição no ranking de educação executiva do Financial
Times. -
http://rankings.ft.com/businessschoolrankings/rankings10 Propriedade intelectual: os novos desafios para a América Latina. Paulo Roberto de Almeida.