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R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 72, p. 7-8, jan-mar. 2016

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Apresentação

Feliz com o convite para apresentar esta edição da Revista da EMERJ

sobre o Feminicídio, a qual é fruto de uma importante semente plantada

no Seminário que realizamos em meados do ano que passou, no Fórum

Permanente de Violência Doméstica, Familiar e de Gênero e que contou

com a presença de ilustres palestrantes tanto do Brasil como da Espanha

e Argentina, veio-me à mente a aula inaugural de nossa Pós-Graduação

em Gênero e Direito, com o título: “Superar a Cegueira de Gênero: grande

desafio do Poder Judiciário”. Esse foi o tema da apresentação, brilhante

por sinal, como de hábito, ministrada pela Professora Silvia Pimentel.

Alguns rápidos comentários, mas nem por isso superficiais, devo

fazer sobre o tema dessa palestra, que me levou a seguidas e profundas

reflexões do papel que nós, juízes e juízas, devemos exercer na profissão

que abraçamos.

Infelizmente, a expressão “cegueira de gênero” nos cai ainda como

uma luva, porque apropriada ao comportamento que reproduzimos no

nosso dia a dia, fruto daquilo que somos como resultado de uma educa-

ção estereotipada e preconceituosa, regada de uma simbologia patriarcal

e machista observada na família tradicional, na qual o homem sempre

exerceu papel preponderante em relação à mulher.

E o pior é que reproduzimos de fato esse comportamento porque

somos “cegos” para com os nossos próprios defeitos e limitações. Repro-

duzimos isso inconscientemente em nossas sentenças e, por que não di-

zer, também na maneira como nos comportamos no atendimento direto

para com o gênero que ainda enxergamos coadjuvante.

Curioso, inclusive, que essa maneira comportamental adversa não

é exclusividade dos juízes homens, mas também das juízas mulheres, cria-

das em ambiente protetor e machista, que, sem saber, reproduzem inde-

vidamente essa inadequada e ultrapassada matriz.

É tempo de repensarmos isso! É tempo de começar a transformar o

modelo comportamental de outrora, para que, de agora em diante, pos-