Revista Magistratus - Número 4 - Maio - 2018

25 2018 Revista Magistratus da queda do muro de Berlim e do fim da Guerra Fria e da pressão dos Estados Unidos e da União Soviética em alimen- tar os partidos políticos. Chemim traçou um paralelo com a Operação Lava Jato e citou algumas operações do Ministério Público e da Polícia Federal de 2003 a 2012. Segun- do o procurador, todas essas operações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ou pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ): Operação Diamante, Operação Chacal, Operação Banesta- do, Operação Dilúvio, Operação Suíça, Operação Satiagraha, Operação Castelo de Areia, Operação Poseidon. “Tudo é anulado no Brasil. Das duas, uma: ou a polícia não sabe investigar ou nós esta- mos exagerando em algumas leituras de nulidade”, afirmou o procurador. O procurador disse que ouviu muitas palestras de professores tratan- do a Operação Mãos Limpas como algo desastroso, como se só tivesse resultado em mortes. “A leitura que se faz de que o resultado da Operação Mãos Limpas, na Itália, foi insignificante não decorre da investigação em si. A investigação na Itália foi um sucesso: apenas 5% dos casos geraram absolvição. Mas quando os processos caminhavam para o fim, os legisladores fizeram, paulatinamente, alterações pontuais na legislação italiana, gerando descriminalização de condutas, diminuição de prazos prescricionais, exi- gências probatórias que até então não eram exigidas. Isso tudo fez com que boa parte dos processos prescrevesse, outra parte fosse anulada, gerando um resul- tado às avessas, a tal ponto que, hoje, na Itália, a corrupção é tão alta quanto era há 26 anos”, destacou. Rodrigo Chemim falou da preo- cupação com os resultados da Operação Lava Jato: “O receio que temos aqui no Brasil é de que possamos seguir o mes- mo caminho. Temos que estar atentos, olhar para o Congresso Nacional, que poderá nos trazer alterações legislati- vas que gerariam um resultado tão pífio quanto aquele que ocorreu na Itália. O voto agora é muito decisivo. É um voto que vai definir o futuro do país, o futu- ro dos nossos filhos. Daqui a 25 anos, olharemos para trás e veremos o que nós fizemos hoje. Nossas futuras gerações é que vão sofrer as consequências”. O voto agora é muito decisivo. É um voto que vai definir o futuro do país, o futuro dos nossos filhos. Daqui a 25 anos, olharemos para trás e veremos o que nós fizemos hoje. Nossas futuras gerações é que vão sofrer as consequências “ ” Procurador de Justiça do Paraná Rodrigo Chemim

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